Localizado no leste da República Democrática do Congo (RDC), o Parque Nacional de Virunga é uma das áreas protegidas mais biodiversas do mundo.
Com mais de 790.000 hectares, abriga pântanos, estepes, savanas vulcânicas, florestas e picos nevados que ultrapassam os 5.000 metros de altitude no maciço de Ruanda.
Entre seus habitantes destacam-se:
- 20.000 hipopótamos que percorrem seus rios.
- Gorilas de montanha, espécie em perigo de extinção.
- Mais de 200 espécies de mamíferos e 700 de aves.
No entanto, desde 1994, o parque enfrenta uma grave crise ambiental e de segurança, após a chegada de grupos armados que têm explorado seus recursos e ameaçado sua fauna.
Os origens de Virunga, o primeiro parque nacional da África
Fundado em 1925 com o nome de Parque Nacional Alberto, Virunga foi o primeiro parque protegido na história do continente africano.
Em seus primeiros anos, o objetivo era manter a natureza sob controle, evitando intervenção humana direta, conforme explicou Jean-Pierre d’Huart, ex-curador científico do parque.
Desde sua criação, Virunga tem sido fronteira de conservação, cercado por espaços protegidos como Semuliki, Ruanda, Rainha Isabel e os Vulcões de Ruanda.
Uma reserva chave para os gorilas de montanha
Virunga é lar de um quarto da população mundial de gorilas de montanha, uma espécie ameaçada pela caça furtiva e destruição de seu habitat.
Por sua importância ecológica, em 1994, a UNESCO declarou o parque como Patrimônio Mundial em Perigo, com o objetivo de proteger sua imenso biodiversidade.
A crise do parque: exploração, violência e guerra
Há 20 anos, Virunga é cenário de conflitos armados, especialmente devido à presença do Movimento 23 de Março (M23).
Estes grupos rebeldes:
- Controlam grandes áreas do parque, explorando minerais, carvão e madeira.
- Praticam caça furtiva, ameaçando espécies protegidas.
- Provocam desmatamento massivo, destruindo ecossistemas-chave.
Além disso, empresas petrolíferas tentaram explorar os subsolos do parque, o que gerou uma forte resistência internacional para impedir a devastação da área protegida.
Mais de 300 guardas florestais assassinados
A insegurança em Virunga custou a vida de mais de 300 guardas florestais, assassinados por grupos armados e caçadores furtivos.
Até o diretor do parque, Emmanuel de Merode, sofreu uma tentativa de assassinato em 2014, quando foi emboscado e baleado enquanto dirigia por uma estrada próxima.
Turismo fechado pela guerra
Devido à presença de grupos armados, o turismo em Virunga foi suspenso, o que representou uma grande perda de receitas para a conservação do parque.
Além disso, a violência teve impactos negativos nos ecossistemas, afetando sua fauna e incentivando a pesca ilegal no Lago Eduardo, prejudicando a vida aquática.
Virunga, símbolo de resiliência e desenvolvimento
Apesar dos desafios, o parque tem sido um motor de desenvolvimento para as comunidades locais, com o apoio da União Europeia e outras organizações.
Entre os avanços mais significativos:
- Construção de três usinas hidrelétricas que geraram milhares de empregos.
- 70% do abastecimento elétrico de Goma vem de Virunga.
Celebrando 100 anos com chocolate
Para comemorar o centenário, o parque lançou uma linha de chocolates artesanais em forma de gorila, feitos com cacau de alta qualidade cultivado por pequenos produtores da região.
Estes chocolates serão vendidos na Europa, com o objetivo de arrecadar fundos para a proteção do parque e seus guardas florestais.
Um futuro incerto, mas cheio de esperança
Virunga continua resistindo em meio a uma crise ambiental e de segurança, mostrando que a conservação é uma luta constante.
Enquanto a comunidade internacional observa os eventos na RDC, o parque continua sendo um emblema de resiliência, biodiversidade e esperança para a região.