Um novo estudo liderado pela Universidade de Bristol adverte que algumas formas de vida marinha poderiam extinguir-se durante o próximo século devido ao impacto do aquecimento global antropogênico.
Comparação histórica e futuro do plâncton
Pela primeira vez, os pesquisadores compararam como o plâncton respondeu durante o último aquecimento substancial da Terra com o que poderia acontecer no final deste século.
O estudo centrou-se num zooplâncton marinho calcificante chamado foraminífero, utilizando um novo modelo de ecologia e clima para analisar o seu comportamento durante a última Era do Gelo, cerca de 21.000 anos atrás, e como poderia comportar-se no futuro.
O Dr. Rui Ying, que liderou o projeto, observou: “O passado é frequentemente considerado chave para compreender como o mundo poderia ser no futuro. Os registros geológicos mostraram que o plâncton se afastou dos oceanos mais quentes para sobreviver.” No entanto, o modelo atual mostrou que o plâncton não conseguiria acompanhar o ritmo das atuais taxas de aumento de temperatura, o que poderia resultar na extinção destes valiosos organismos.
Impacto do aquecimento global na vida marinha
Os resultados são alarmantes: mesmo com as projeções climáticas mais conservadoras de um aumento de 2 °C, o plâncton não consegue adaptar-se suficientemente rápido para igualar o ritmo muito mais rápido de aquecimento que estamos experimentando agora. Isso não afeta apenas o plâncton, mas também coloca em perigo a vida marinha que depende destes organismos diminutos para se alimentar.
“O plâncton é o elemento vital dos oceanos, pois sustenta a rede alimentar marinha e o armazenamento de carbono. Se a sua existência estiver ameaçada, representará uma ameaça sem precedentes, perturbando todo o ecossistema marinho com consequências devastadoras para a vida marinha e o fornecimento de alimentos humanos,” afirmou Ying.
Limites ao aquecimento global e ações necessárias
Em dezembro de 2015, 196 países assinaram o Acordo de Paris, concordando em limitar o aumento da temperatura média mundial para menos de 2 °C em relação aos níveis pré-industriais, preferencialmente 1,5 °C. No entanto, o aquecimento poderia chegar a 3,1 °C se os governos não agirem para reduzir as emissões de carbono, adverte a ONU.
Daniela Schmidt, professora de Ciências da Terra na Universidade de Bristol, afirmou: “Este trabalho destaca os grandes riscos dos rápidos e incríveis mudanças climáticas e ambientais. Se essas tendências preocupantes piorarem, haverá consequências muito reais para nossos ecossistemas e meios de subsistência das pessoas, incluindo as comunidades pesqueiras. Portanto, a mensagem é clara: todas as nações devem intensificar os esforços para manter o aquecimento global ao mínimo.”
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