Os Andes equatorianos, emblemáticos por sua beleza e relevância ecológica, enfrentam uma alarmante redução de superfície devido às mudanças climáticas, já que mais de um terço de seus glaciares estão em perigo. Estudos recentes revelam que entre 1985 e 2023 o Equador perdeu 35,4% de seus glaciares, passando de 8545 para 5851 hectares. Esse fenômeno tem implicações graves para os ecossistemas e as comunidades que dependem deles.
O retrocesso glaciar no Equador, documentado desde meados do século XX, tem se intensificado consideravelmente desde 1976. Segundo o relatório Glaciares de los Andes Tropicales: Víctimas del Cambio Climático (2014), glaciares como os do Cotopaxi, Antisana e Chimborazo sofreram uma redução significativa de suas camadas de gelo devido ao aumento das temperaturas globais.
O glaciar do vulcão Carihuairazo, por exemplo, desapareceu por completo, enquanto o Iliniza Sur perdeu 81,2% de sua superfície. A diminuição dos glaciares é mais acentuada nas elevações abaixo de 5100 metros acima do nível do mar, consideradas mais vulneráveis devido à exposição a fenômenos de ablação.
Fatores climáticos e geográficos
A mudança climática, impulsionada pelo aumento das emissões de gases de efeito estufa, é a principal responsável por essa crise. Desde a era industrial, o aquecimento global se acelerou, aumentando as temperaturas médias e alterando os padrões de precipitação.
O sistema climático amazônico exerce certa influência mitigadora nos glaciares da Cordilheira Oriental, como o Cayambe e o Antisana, que experimentaram menores perdas (cerca de 30%). Isso se deve à umidade proveniente da Amazônia que se condensa e cai como neve nessas montanhas. No entanto, em outros glaciares, como o Cotopaxi, o efeito combinado de sua atividade vulcânica e o clima resultou em uma diminuição de 38,6% de sua massa de gelo.
Impactos nos ecossistemas e comunidades
A perda de glaciares tem consequências ambientais, econômicas e sociais. Além de serem reservatórios naturais de água doce, os glaciares regulam a temperatura do planeta ao refletir a radiação solar. Sem eles, aumenta o risco de desequilíbrios climáticos, redução de recursos hídricos e mudanças nos ecossistemas próximos.
No vulcão Antisana, por exemplo, o derretimento gerou um aumento nas lagoas, o que inicialmente pode parecer positivo, mas indica um derretimento acelerado. Além disso, são observadas mudanças na vegetação e fauna circundantes, com o surgimento de novas espécies e o desaparecimento de outras.
Em termos sociais, comunidades que dependiam do turismo glaciar, como as próximas ao Carihuairazo, perderam oportunidades econômicas. Atividades como o montanhismo foram substituídas por trekking, uma adaptação à falta de gelo.
O futuro dos glaciares: um chamado global
O derretimento dos glaciares também contribui para o aumento do nível do mar, afetando as comunidades costeiras, e para a acidificação de fontes hídricas, como documentado em outros países andinos. A diminuição de água segura e os impactos na biodiversidade são desafios urgentes que devem ser abordados globalmente.
A ONU declarou 2025 como o Ano Internacional da Conservação dos Glaciares e estabeleceu 21 de março como o Dia Mundial dos Glaciares, destacando a necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa para frear esse fenômeno.
“Se não tomarmos medidas concretas para reduzir as emissões e proteger nossos ecossistemas, será extremamente difícil reverter os efeitos do aquecimento global”, adverte Bolívar Cáceres, pesquisador do Instituto Nacional de Meteorologia e Hidrologia do Equador (Inamhi). A conservação dos glaciares é um desafio global que requer um compromisso coletivo imediato.
Quais são as causas e consequências do derretimento?
O derretimento é o processo de fusão do gelo e da neve, causado pelo aumento da temperatura ambiental. Esse fenômeno tem consequências negativas para o meio ambiente e a vida na Terra, gerado pelas mudanças climáticas provocadas pelo comportamento humano. Entre as consequências estão:
- Aumento do nível do mar.
- Inundações.
- Liberação de metano, um gás de efeito estufa.
- Erosão costeira.
- Tempestades costeiras mais frequentes e intensas.
- Desaparecimento de espécies.
- Menos água doce.
- Impacto sobre o clima.
O derretimento afeta a fauna e flora marinha, e os animais que dependem do gelo para sobreviver. Por exemplo, o urso polar, a foca-monge, o pinguim, o coala, a raposa-ártica, a coruja-das-neves e a rena estão em perigo de extinção.
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