Nas últimas duas décadas, os glaciares de todo o mundo perderam aproximadamente 5% do seu volume total, com uma aceleração significativa nos últimos dez anos, como consequência do degelo. Este fenômeno está esgotando os recursos de água doce em diversas regiões e contribuindo significativamente para o aumento do nível do mar, conforme um novo estudo em que participaram 35 equipes de pesquisa.
A pesquisa, publicada na revista Nature, revela que os glaciares perderam em média 273.000 milhões de toneladas de gelo anualmente desde o ano 2000. No entanto, o ritmo de perda aumentou drasticamente na última década, atingindo uma média de 314.000 milhões de toneladas anuais entre 2012 e 2023, em comparação com os 231.000 milhões anuais registrados na primeira metade do período de estudo (2000-2011).
Para dimensionar a magnitude desta perda, o especialista Michael Zemp, da Universidade de Zurique e co-diretor do estudo, explicou que esta quantidade de água equivale ao que toda a população mundial consumiria em 30 anos, considerando um consumo diário de três litros por pessoa.
Os glaciares são uma fonte vital de água doce, particularmente na Ásia Central e nos Andes Centrais, onde o seu degelo é crucial para o abastecimento de água durante as estações quentes e secas. No entanto, a pesquisa indica que de 2000 a 2023 foram perdidos coletivamente 6.542 trilhões de toneladas de gelo, com reduções regionais que variam de 2% nas ilhas antárticas e subantárticas a um alarmante 39% na Europa Central.
Um fenômeno preocupante
Em 2000, os glaciares cobriam aproximadamente 705.221 quilômetros quadrados e armazenavam cerca de 121.728 milhões de toneladas de gelo. Agora, a perda de massa glaciar supera em 18% a diminuição da camada de gelo de Groenlândia e duplica a da Antártida. O degelo dos glaciares é atualmente o segundo fator mais importante na elevação do nível do mar, após a expansão térmica dos oceanos. A perda total de gelo contribuiu com 18 milímetros para o aumento do nível do mar globalmente.
Este estudo foi realizado no âmbito do Exercício de Intercomparação de Balanços de Massa de Glaciares (Glambie), uma iniciativa coordenada pelo Serviço Mundial de Vigilância de Glaciares (WGMS) da Universidade de Zurique. Os dados foram recolhidos a partir de medições terrestres e diversas missões satelitais, incluindo Terra/ASTER, ICESat-2, GRACE, TanDEM-X e CryoSat, entre outras.
Segundo Zemp, a pesquisa envolveu a compilação de 233 estimativas sobre mudanças na massa dos glaciares, com a colaboração de mais de 450 especialistas organizados em 35 equipes científicas. Estas descobertas reforçam a urgência de tomar medidas para mitigar a mudança climática e preservar as reservas de água doce do planeta.
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O que é o degelo e quais são as suas consequências?
O degelo é o processo pelo qual o gelo e a neve se convertem em água líquida. É uma consequência do aquecimento global e uma das manifestações mais evidentes da crise climática:
- Causas: O aumento da temperatura atmosférica e a emissão de gases de efeito estufa (GEE) pela atividade humana.
- Consequências: Aumento do nível do mar, inundações, a liberação de metano, um gás de efeito estufa, a redução de água doce, a alteração do clima mundial, extinção de espécies, o deslocamento de pessoas e a alteração dos ecossistemas.
- Soluções: Reduzir o uso de combustíveis fósseis, evitar as emissões de GEE, recolher a água dos glaciares derretidos, dessalinizá-la e congelá-la novamente, assim como recolher água de debaixo do glaciar para reforçar a sua consistência.
- Importância: O degelo é uma ameaça para a humanidade, uma vez que põe em perigo vidas e meios de subsistência das pessoas em comunidades costeiras.
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