Organizações do México, Panamá, Peru e Chile se uniram no projeto Legal Ocean Watch (LOW), uma iniciativa inovadora que busca combater a pesca ilegal na América Latina através do uso de ferramentas satelitais e de uma abordagem colaborativa. Este esforço visa transformar a regulação pesqueira e fortalecer a proteção dos ecossistemas marinhos.
A pesca em águas continentais é uma atividade chave para a segurança alimentar e o emprego mundial. Em 2019, representou 12,7% da produção pesqueira global, beneficiando mais de 58 milhões de pessoas. No entanto, a pesca ilegal ameaça gravemente essa indústria, gerando perdas econômicas anuais estimadas entre 10.000 e 23.000 milhões de dólares, segundo as Nações Unidas.
Além do dano ecológico, essa prática ilícita está associada a violações de direitos humanos, como tráfico de pessoas e trabalho forçado. Na América Latina, as economias costeiras e as comunidades que dependem da pesca são particularmente afetadas por essas atividades ilegais.
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## Tecnologia para vigiar os oceanos
Em resposta a essa crise, LOW implementará sistemas de monitoramento satelital para detectar embarcações ilegais e gerar provas que possam ser utilizadas em litígios. A iniciativa é liderada pela organização FIMA do Chile e conta com a participação da Defensa Ambiental del Noroeste (DAN) do México, o Centro de Incidência Ambiental (CIAM) do Panamá e o Derecho, Ambiente y Recursos Naturales (DAR) do Peru.
“Hoje em dia, a pesca ilegal não apenas ameaça os oceanos pela sobrexploração de espécies, mas também por seu impacto no meio ambiente e nas comunidades. Além disso, está vinculada a crimes como tráfico de pessoas e condições de trabalho desumanas”, explicou Antonia Berrios, coordenadora da ONG FIMA e da LOW na América Latina.
O projeto utiliza ferramentas da plataforma Global Fishing Watch (GFW), como o Sistema de Identificação Automática (AIS) e os Sistemas de Monitoramento de Navios (VMS). Esses recursos permitem rastrear a atividade pesqueira em tempo real e coletar dados cruciais para fortalecer a legislação pesqueira.
## Rumo a uma mudança estrutural
LOW não busca apenas sancionar a pesca ilegal, mas também impulsionar reformas que permitam o uso da tecnologia satelital em processos administrativos e judiciais. A curto prazo, as organizações participantes receberão treinamento no uso dessas ferramentas. A longo prazo, espera-se consolidar mudanças regulatórias que fortaleçam a vigilância e o cumprimento da legislação pesqueira na região.
Além disso, a iniciativa promove a cooperação com as comunidades costeiras afetadas, incentivando uma abordagem ética e sustentável na luta contra a pesca ilegal.
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## Quais são as consequências da pesca ilegal?
A pesca ilegal tem consequências negativas para o:
– **Meio ambiente:** a pesca ilegal destrói os ecossistemas marinhos, erosiona a rede alimentar, provoca a perda de espécies marinhas, como tartarugas e corais, e aumenta a contaminação dos mares.
– **Economia:** produz a perda de receitas e empregos para pescadores e comunidades pesqueiras, bem como a perda de receitas fiscais para os governos e o dano à reputação da indústria pesqueira.
– **Sociedade:** Ameaça a segurança alimentar das comunidades que dependem dos recursos pesqueiros e afeta os meios de vida dos que se dedicam à pesca artesanal.
A pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (INDNR), é responsável pela perda de 11 a 26 milhões de toneladas anuais de peixe, segundo a FAO. Por essa razão, para combater a pesca ilegal podem ser estabelecidas áreas protegidas, implementar vigilância e proteção aquáticas e terrestres, instalar pontos de verificação, estabelecer um sistema virtual de denúncia de pesca ilegal e incorporar pescadores na vigilância e cuidado dos recursos.
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