No coração da estepe patagônica, uma criatura tímida, mas vital, está retornando aos pântanos do noroeste de Santa Cruz. Trata-se do **coipo ou nutria criolla** (*Myocastor coypus*), um roedor semi-aquático nativo que, graças ao trabalho de restauração realizado pelo **Parque Patagonia**, começa a recuperar território e a tecer silenciosamente novas [**conexões ecológicas**](https://noticiasambientales.com/animales/chubut-avistaron-un-tiburon-azul-nadando-en-el-area-protegida-punta-marques/).
Com até 9 quilos de peso, **um espesso pelame impermeável e uma cauda longa** e robusta, o coipo é uma espécie-chave nos ecossistemas aquáticos. “É como um arquiteto do pântano”, explicou Emanuel Jaquier, da equipe de conservação do parque. Sua vida nos juncais não apenas molda o ambiente, mas **cria corredores e tocas que outras espécies utilizam como abrigo ou local de reprodução**. Sua presença favorece a circulação da água e melhora sua qualidade, transformando-o em um verdadeiro indicador de saúde ambiental.
Depois de anos sem registros, **em 2021 foram reintroduzidos oito exemplares** no Unco, dentro do Cañadón Caracoles. Os resultados não demoraram a aparecer: em 2024, já foram identificados 15 indivíduos marcados e pelo menos 10 filhotes nascidos. As liberações também se estenderam ao Rio Pinturas, o que permitiu fortalecer a população em diferentes pontos do parque. Algumas câmeras de armadilhas captaram deslocamentos de **até 32 quilômetros rio abaixo**, mostrando a capacidade de adaptação e exploração desses animais.
O trabalho de restauração não se limita ao coipo. Inclui ações como **a recanalização de nascentes, o controle de espécies exóticas** —como o vison americano— e a remoção de estruturas pecuárias obsoletas. Essas medidas não favorecem apenas o coipo, mas também uma comunidade diversa que inclui aves como **o tachurí sete cores, a galinha-d’água-austral, e mamíferos** como raposas, guanacos e pequenos roedores.

O retorno do coipo, uma conquista única e especial
No entanto, o futuro desses ambientes continua ameaçado pelo sobrepastoreio, a alteração de cursos d’água e a **introdução de espécies invasoras**. Por isso, Jaquier insiste na importância de sustentar **ações combinadas** que visem tanto a melhoria do habitat quanto a redução das ameaças.
O retorno do coipo é mais do que uma conquista conservacionista. É um sinal de esperança: quando os ecossistemas são restaurados e lhes é dada a possibilidade de cura, a natureza responde. Silencioso e oculto entre os juncos, o coipo lembra que a vida sempre encontra um caminho para voltar.

Quais são as características desta espécie?
O coipo (Myocastor coypus) é **um roedor semiaquático de grande porte, nativo da América do Sul**. É semelhante a um rato grande e robusto, entre outras características:
- Tamanho: Média de 86 cm de comprimento e 5 a 10 kg de peso.
- Pelagem: Castanho-amarelado ou avermelhado, com muitos pelos longos e grossos.
- Cauda: Cilíndrica e pouco peluda.
- Mãos e pés: Cobertos por membranas natatórias.
- Cabeça: Grande, de perfil triangular, com vibrisas, ou seja, pelos rígidos e sensíveis que funcionam como órgãos táteis em muitos animais.
- Olhos e orelhas: Pequenos e localizados na parte superior da cabeça.
- Alimentação: Gramíneas, arbustos, raízes e tubérculos.
- Habitat: Pântanos, lagoas, rios, lagos, brejos.
- Construções: Abrigos subterrâneos com entradas subaquáticas, plataformas flutuantes.
O coipo é um mamífero aquático como o castor, mas, ao contrário deste, não possui uma cauda em forma de remo. Esta espécie está presente na **Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai**, enquanto que no **Chile** habita entre Coquimbo e Magalhães. Além disso, é considerada uma espécie invasora nos **Estados Unidos e na Espanha**.
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