A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima impulsionou uma recomendação para padronizar a medição de impactos ambientais derivados do uso de lenha e carvão vegetal, com o objetivo de unificar os cálculos e evitar distorções nos mercados de carbono.
O modelo escolhido é o MoFuSS, uma ferramenta desenvolvida por cientistas da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), capaz de simular o impacto da extração e colheita de madeira em qualquer parte do mundo.
Uso de biomassa e suas consequências ambientais
Estima-se que um terço da população mundial depende de:
- Lenha e carvão vegetal para cozinhar.
- Querosene em menor medida.
No entanto, seu uso gera:
- Desmatamento e emissão de gases de efeito estufa.
- Riscos para a saúde em áreas rurais e urbanas marginais.
Uma mudança necessária no cálculo do impacto do uso de lenha
Até agora, os projetos de fogões eficientes têm utilizado diferentes ferramentas tecnológicas para medir o impacto ambiental. Isso tem dificultado a obtenção de dados precisos e gerado distorções no mercado de créditos de carbono.
Segundo Adrián Ghilardi, líder da equipe criadora do MoFuSS, a ONU busca eliminar métodos alternativos e adotar um único indicador até dezembro de 2030, quando sua eficácia será avaliada.
Funcionamento do MoFuSS
O sistema permite modelar:
- A dinâmica da paisagem frente à extração de lenha.
- Como as comunidades colhem e processam o carvão vegetal.
- O impacto do uso do solo para além da biomassa, incluindo a expansão agrícola e urbana.
Antes de ser aprovado, o modelo foi testado em Honduras, Haiti e países da América Latina e África, demonstrando sua eficácia na quantificação de lenha não renovável.
Impacto nos mercados de carbono
A implementação do MoFuSS terá consequências diretas na comercialização de créditos de carbono, afetando especialmente:
- Projetos fraudulentos, que superestimam reduções de emissões.
- Empresas que inflam a economia de energia para obter compensações maiores.
Segundo Ghilardi, algumas entidades passarão a cobrar 100 vezes menos devido aos cálculos serem mais precisos e transparentes.
Um passo rumo à transparência ambiental
A cofundadora da Calyx Global, Donna Lee, afirma que a unificação das medições:
- Favorecerá a estabilidade e previsibilidade no mercado.
- Permitirá uma melhor avaliação de créditos de carbono.
- Reduzirá o viés nos dados ao utilizar um sistema de código aberto.
O MoFuSS não só melhorará a quantificação de emissões, mas também garantirá maior rigor na conservação florestal, permitindo que os mercados de carbono funcionem de maneira mais justa e eficaz.
Por: Daniela López/ SciDev.Net