A organização internacional Sinergia Animal apresentou a edição 2025 do seu relatório anual Banks for Animals, uma iniciativa que busca avaliar o engajamento do setor financeiro com o bem-estar animal e suas políticas contra o maltrato.
O estudo analisa as políticas de 100 instituições bancárias de diversos países, incluindo entidades na Argentina, para determinar o seu vínculo com indústrias de alto impacto, como:
- Pecuária intensiva, responsável por desmatamento e exploração animal.
- Testes de cosméticos em animais, uma prática ainda vigente em vários países.
- Entretenimento com animais, com circos, aquários e espetáculos questionados.
- Indústria de peles, que mantém condições de confinamento extremo para a produção de peles.
Resultados preocupantes: O que diz o relatório sobre os bancos?
Apesar da crescente consciência social sobre o bem-estar animal, os resultados do relatório refletem um panorama desanimador:
- Nenhum banco avaliado cumpre 100% das medidas de proteção animal.
- Apenas duas instituições no mundo alcançaram mais de 90% de conformidade.
- Quase 60% dos bancos não obteve nenhuma pontuação, o que evidencia a falta de regulamentações específicas no setor financeiro.
- A média dos resultados é de apenas 3%, o que demonstra que o setor ainda não adota medidas eficazes contra o financiamento de indústrias prejudiciais.
Estas descobertas reforçam a necessidade de criar padrões mais rigorosos para evitar que as entidades bancárias continuem financiando atividades que prejudicam a biodiversidade e promovem o maltrato animal.
Intervenção no Banco Nación: ativismo por uma banca ética
Com o objetivo de visibilizar a falta de medidas na Argentina, Sinergia Animal realizou uma intervenção pacífica em frente ao Banco Nación, onde ativistas exibiram a mensagem “Não financie a crueldade animal. Sua grana os mata”.
Durante o protesto, foram representados simbolicamente animais em situações de confinamento e maltrato, expondo o impacto que o financiamento bancário tem sobre indústrias que perpetuam o sofrimento animal.

Romina Viscarret, diretora da Sinergia Animal Argentina, destacou a urgência de transformar o sistema financeiro, instando os bancos a adotar políticas responsáveis que limitem o investimento em setores prejudiciais para os animais e o ambiente.
Um problema que ultrapassa fronteiras: a campanha internacional
A ação na Argentina fez parte de uma campanha coordenada em seis países, incluindo Brasil, Chile, Colômbia, Indonésia e Tailândia, o que evidencia que a problemática é global e não exclusiva de um país ou região.
Desde a Sinergia Animal, promovem a cooperação com instituições financeiras para alcançar:
- Compromissos reais de redução do financiamento a indústrias prejudiciais.
- Revisão de políticas ambientais para incorporar regulamentações mais rigorosas.
- Maior transparência sobre os investimentos que afetam o bem-estar animal.
O bem-estar animal e os desafios globais
O conceito de “One Health”, impulsionado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), reconhece a interconexão entre a saúde humana, animal e ambiental. Isso reforça a ideia de que a banca ética deve considerar os efeitos dos seus investimentos no bem-estar geral do planeta.
Além disso, as Nações Unidas identificaram o bem-estar animal como uma ferramenta chave para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, vinculando essa causa à luta contra:
- O desmatamento.
- As crises sanitárias globais.
- A mudança climática.
O papel estratégico do setor financeiro na proteção animal
O estudo da Sinergia Animal reforça a necessidade de os bancos assumirem a sua responsabilidade ambiental e ética.
Para além da pressão social, incorporar critérios de sustentabilidade e bem-estar animal no sistema financeiro não só reduziria o sofrimento de milhões de animais, mas também ajudaria a enfrentar crises ambientais e sanitárias que impactam diretamente a humanidade.