Nesta quinta-feira, 20 de fevereiro, é o Dia do **gato-andino** (*Leopardus jacobita*). Trata-se de um pequeno felino que se caracteriza por ter uma pelagem impressionante de **manchas verticais e uma cauda proporcionalmente longa**.
Suas populações são escassas e fragmentadas em áreas da **Argentina, Bolívia, Chile e Peru**, o que o torna um dos felinos mais **ameaçados do mundo**.
Além disso, é o único da América classificado como “em perigo” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (**UICN**).
## Dia do gato-andino: o registro inédito em Mendoza
A organização de **conservação da natureza WCS Argentina** compartilhou o último registro em vídeo de um gato-andino com seu filhote, que foi avistado em agosto de 2024.
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As imagens são da região de **Malargüe**, na província de **Mendoza**. O registro foi obtido após vários meses de monitoramento com **câmeras de armadilhas**, um método que consiste em colocar câmeras com sensores de movimento nos locais onde se acredita que a espécie habita e transita.
Isso é determinado a partir de registros anteriores de avistamentos, em alguns casos, ou indicados por moradores locais, em outros. Em seguida, ao examinar as imagens capturadas, foi possível **identificar a passagem desses dois exemplares**.
“É a primeira vez que registramos a presença de um filhote, é uma descoberta de conservação enorme porque implica que a **população está se reproduzindo**, garantindo a sobrevivência, contribuindo para seu crescimento e dando continuidade à história evolutiva da espécie”, afirmou **María José Bolgeri**, doutora em biologia e gerente de manejo regenerativo da WCS Argentina.
“Além disso, mostra que nossos esforços de conservação são necessários para evitar seu desaparecimento local”, acrescenta.
“Considerando seu **crítico estado de conservação**, há quase 20 anos nos dedicamos a monitorar sua distribuição dentro e fora das áreas protegidas e conseguimos mais de **75% dos registros confirmados** na estepe patagônica até o momento”, destaca a especialista.
## As ameaças da espécie
Segundo apontam da organização, entre as principais ameaças que enfrenta essa espécie na Patagônia norte está a **caça em retaliação** por parte de produtores pecuaristas.

“Por ser carnívoro **pode afetar os rebanhos** e o atropelamento em estradas e caminhos”, detalham.
Outros fatores que colocam em perigo são o **manejo pecuário não sustentável**, que reduz a densidade de sua principal presa, o **chinchillón**.
Também a perda de habitat pela extração de hidrocarbonetos e minerais, e o **aumento da temperatura** e aridez na região devido às mudanças climáticas.
## O trabalho para a conservação do gato-andino
Com base em suas pesquisas científicas e no trabalho colaborativo com a **Aliança Gato Andino** e as comunidades locais, a WCS Argentina promove práticas de **pecuária regenerativa que contribuem para a coexistência** da atividade com o gato-andino e com a vida selvagem em geral.
Entre elas, métodos não letais para **prevenir a predação dos rebanhos**, como a incorporação de cães protetores de rebanho. Eles são criados junto ao gado e marcam território, evitando que carnívoros selvagens como o gato-andino, raposas e pumas se aproximem.
Atualmente, a organização trabalha com **75 famílias produtoras** em vários pontos do país, como **Mendoza, Neuquén, Rio Negro, Chubut e Santa Cruz**.
Também impulsionou a **incorporação de 84 cães protetores** de rebanho e acompanhou a introdução de outros 150 por parte das agências governamentais e das associações de produtores.
Ao adotar este estilo de métodos não letais juntamente com técnicas de pastoreio que permitam a regeneração das pastagens, as produções de fibras naturais e outros derivados do gado obtêm a certificação internacional **Wildlife Friendly®** (Amigável com a Fauna Silvestre).
Essa distinção permitiu a muitos produtores aumentar em **15% o valor de venda de sua produção**.
“Os estudos mostram que a maioria dos produtores considera que as estratégias dissuasivas reduzem eficazmente as perdas por predação”, destaca Bolgeri.
“Acreditamos que é necessário continuar ouvindo suas necessidades, alcançando pontos de encontro entre o desenvolvimento produtivo e a conservação da fauna selvagem”, acrescenta.
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