Um estudo revelou que Chile é o país líder em mortalidade de baleias por colisões de navios.
Para o estudo, mapearam os movimentos de quatro espécies de baleias distribuídas pelo mundo, alertando que o tráfego marítimo cobre 92% dos alcances dessas espécies, e menos de 7% das áreas de alto risco possuem estratégias de gestão para prevenir colisões.
No Chile, desconhecia-se o real alcance dessas colisões, mas o estudo publicado em 18 de janeiro passado na revista Marine Policy caracterizou e classificou esse tipo de acidentes no país pela primeira vez.
A pesquisa identificou o Chile como o país com a maior taxa de mortalidade de baleias por colisões com embarcações em todo o mundo na última década.
Fatores e soluções sobre a mortalidade de baleias
Segundo Susannah Buchan, oceanógrafa do Centro de Pesquisa Oceanográfica do Pacífico Sul-Oriental (COPAS Coastal) e do Centro de Estudos Avançados em Zonas Áridas (CEAZA), e coautora do estudo, essa localização inesperada foi possível contrastar com a literatura científica disponível, determinando assim que a alta taxa de colisões que ocorre no país, de acordo com esse parâmetro de comparação, é a mais alta do mundo.
De acordo com a pesquisa, dos 226 registros de baleias mortas encontradas na costa do Chile, 62% correspondem a casos em que a causa da morte não pôde ser determinada. Mas nos casos com causas identificáveis, 28% foram atribuídos a colisões, seguidos por 7% de enredamentos e 3% de predação natural. Isso coloca, de longe, as colisões com embarcações como a principal causa de morte não natural de baleias no Chile.
O estudo analisou dados de 52 anos (1972-2023) de encalhes de grandes cetáceos na costa chilena (coletados pelo Serviço Nacional de Pesca e Aquicultura, SERNAPESCA, além de universidades, ONGs e especialistas) juntamente com padrões de tráfego marítimo. Os resultados destacam um aumento alarmante nas mortes de baleias por colisões e sua clara relação com o tráfego marítimo.
Chile e a morte de baleias por colisões
Considerando os dados históricos desde 1972, o Chile ocupa o sexto lugar em mortalidade por colisões. No entanto, quando a análise se restringe aos últimos 12 anos, desde 2013, quando as necropsias começaram a ser realizadas de forma mais sistemática, o Chile passa a liderar a mortalidade de baleias por colisão, com uma média de cinco mortes de grandes cetáceos anualmente.
Esse aumento alarmante se deve a três principais efeitos: o aumento nas últimas décadas do tráfego marítimo, um possível aumento – ainda não confirmado – em algumas populações de baleias após o encerramento da caça comercial nos anos 80, e a melhoria na capacidade de resposta e diagnóstico desses eventos.
Foto da capa de Simon Frenkel
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