No meio da Amazônia brasileira surge a aldeia indígena de Raoni, o cacique mais influente do país.
Há décadas, seu povo é o coração de uma bem-sucedida luta contra o desmatamento em uma região marcada pela mineração ilegal (o “garimpo”) e outros crimes que ocorrem na floresta.
Como ele conseguiu e qual é a relação desses habitantes com a preservação da biodiversidade.
Assim é a aldeia de Raoni
Na plena Amazônia está a morada do cacique Raoni Metuktire, o líder indígena mais influente do Brasil.
Segundo detalha a agência AFP, pelo rio Xingu chega-se a Metuktire, um povoado de 400 habitantes com casas de palha e madeira ao redor de um amplo círculo. Destaca-se uma barraca no centro para os homens guerreiros.
A aldeia de Raoni. (Foto: Pablo PORCIUNCULA- AFP).
Raoni vive em uma daquelas casas, idêntica às demais. Ele é um líder histórico, que convive com presidentes e até foi cogitado como candidato ao Nobel da Paz.
Enquanto o “garimpo” e a destruição florestal avançam em outras terras indígenas, esta área, a Capoto/Jarina, permanece livre de desmatamento. Tem apenas 0,15% de seu território desmatado entre 2008 e 2024, segundo dados oficiais.
“Eu não permito ‘garimpeiros’ nem ‘madeireiros’ em nossa terra”, afirmou à agência Raoni, cuja idade é estimada em cerca de 90 anos.
Enquanto isso, o cacique se preparava para receber em sua terra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem pedirá a demarcação de novas áreas indígenas.
Como combatem o desmatamento
Os cerca de 1600 habitantes da Capoto/Jarina, conforme relatado, utilizam duas estratégias contra o desmatamento. De um lado, patrulhas territoriais periódicas e, de outro, conscientização dos jovens para que não se deixem corromper pelo dinheiro do crime ambiental.
O Brasil demarcou a Capoto/Jarina em 1984, depois que Raoni fez reféns funcionários da ditadura militar (1964-1985) para pressionar as autoridades.
As aldeias indígenas da Amazônia. (Foto: Pablo PORCIUNCULA- AFP).
Desde então, o desmatamento é crime, de acordo com a legislação brasileira que considera protegidas as áreas indígenas demarcadas.
Com uma área quatro vezes maior que a cidade de São Paulo, o Estado mantém a terra segura com o apoio das aldeias.
Essas comunidades são fundamentais para a preservação da Amazônia: as terras não indígenas já perderam quase 30% de sua vegetação nativa, contra menos de 2% nas delimitadas pelo Estado, segundo a ONG Instituto Socioambiental.
Por que as comunidades indígenas são essenciais para cuidar da biodiversidade
É crucial que a ciência reconheça de forma precisa e adequada o papel primordial e principal que as <