A lagoa Soto, localizada nas proximidades da cidade de Corrientes, enfrenta uma situação alarmante. Pesquisadores alertam que, se as condições atuais persistirem, este importante ecossistema aquático poderá desaparecer nos próximos anos. É o que afirmou o geógrafo Félix Ignacio Contreras, pesquisador da Universidade Nacional do Nordeste (UNNE) e do CONICET, que vem acompanhando de perto o processo de degradação do ecossistema.
O alerta faz parte de uma pesquisa recentemente publicada em conjunto com a Universidade Nacional de La Plata e outras instituições do Grupo Montevideo, onde são detalhados os fatores que estão afetando de forma crítica esse corpo d’água. Entre eles, destacam-se a seca prolongada, o avanço urbano descontrolado e as modificações artificiais no entorno natural da lagoa.
“Estou mais do que convencido de que estamos diante de um processo de secagem que poderia resultar no desaparecimento definitivo da lagoa Soto”, alertou Contreras em entrevista à Rádio Nord Corrientes.
Um ecossistema em retrocesso
O geógrafo, apelidado de “o doutor lagoas” por sua trajetória no estudo de áreas úmidas no NEA, explicou que, embora esses ecossistemas naturalmente tendam a ser colmatados — ou seja, a serem preenchidos por sedimentos —, a ação humana está acelerando esse processo.
Segundo Contreras, o avanço de condomínios fechados e urbanizações em áreas que antes serviam como zona de amortecimento para a lagoa, somado à extração de água por bombeamento, à remoção de solos e às canalizações artificiais, têm limitado severamente a capacidade do ecossistema de se autorregular.
“Esse canal impede que a lagoa alcance sua capacidade máxima. E se somarmos a isso o bombeamento constante de água, estamos diante de uma degradação muito acelerada“, explicou o especialista.
Os dados são contundentes: em comparação com 2017, ano de fortes chuvas, a lagoa perdeu cerca de 50% de sua superfície. Se essa tendência não for revertida, ela poderá se transformar em uma área alagada sazonal ou desaparecer por completo, alertam os pesquisadores.
Um apelo urgente à ação
A situação da lagoa Soto evidencia o impacto acumulado das decisões humanas sobre os ecossistemas naturais. Mas também oferece uma oportunidade para refletir e agir a tempo.
“Não é apenas uma questão ambiental. Estamos falando de um ecossistema que desempenha funções chave na regulação hídrica, na biodiversidade regional e na qualidade de vida das comunidades próximas”, concluiu Contreras.
Os especialistas insistem na necessidade de políticas públicas claras, ordenamento territorial e consciência cidadã para deter a deterioração. Caso contrário, a lagoa Soto corre o risco de se tornar mais um exemplo de como a inatividade pode apagar paisagens naturais inteiras do mapa.
Dados sobre a lagoa Soto
A lagoa Soto, localizada na província de Corrientes, Argentina, é um ecossistema periurbano que enfrenta problemas de contaminação e perda de superfície. É um ecossistema importante que sustenta uma diversidade de fauna e flora, mas está ameaçado pela ação humana e pela seca.
Características principais da lagoa Soto
- Localização: Está próxima da cidade de Corrientes, na província homônima.
- Tipo: É um ecossistema periurbano, ou seja, uma área úmida localizada nas proximidades de uma cidade.
- Superfície: Está perdendo superfície de forma acelerada, o que poderia levar ao seu desaparecimento se medidas de contenção não forem tomadas.
- Características da água: Tem uma transparência geralmente alta,
