As emissões globais de CO2 de origem fóssil alcançaram 37,4 bilhões de toneladas em 2024, um aumento de 0,8% em relação a 2023. Esta é a principal conclusão do relatório Global Carbon Budget, destacado no contexto do Dia Mundial da Redução de Emissões de CO2, celebrado hoje.
Para além dos dados absolutos, nos quais a China continua liderando, é importante revisar a classificação de emissões per capita, uma vez que esse dado define o impacto do estilo de vida das sociedades no meio ambiente e pode levar a uma reflexão sobre a forma como consomem. Isso é especialmente relevante quando países com muito menos habitantes que a China têm uma pegada de carbono per capita significativa.
Hoje é celebrado o Dia Mundial da Redução de Emissões de CO2, uma efeméride ambiental promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para conscientizar e incentivar pessoas de todo o mundo a contribuir para a proteção do meio ambiente e do planeta reduzindo sua pegada de carbono.
A consciência da necessidade de reduzir as emissões globais de CO2 tem estado na mira dos cientistas há mais de 100 anos. Em 1896, um cientista sueco chamado Svante Arrhenius previu pela primeira vez que as mudanças nos níveis de dióxido de carbono na atmosfera poderiam potencialmente alterar a temperatura da superfície terrestre por meio do efeito estufa.
Quando o Protocolo de Kyoto foi assinado em 1997, este plano marcou um passo na direção certa para a redução das emissões de gases de efeito estufa dos países industrializados. No entanto, não foi suficiente para reverter a tendência. O Acordo de Paris de 2015 comprometeu legalmente 196 países diferentes com o objetivo de limitar o aquecimento global através da redução das emissões de gases de efeito estufa para alcançar um planeta climaticamente neutro até meados do século XXI.
O Carbono em Números
O relatório Global Carbon Budget indica que em 2024 as emissões dos diferentes combustíveis fósseis aumentaram: carvão (0,2%), petróleo (0,9%) e gás (2,4%), contribuindo com 41%, 32% e 21% das emissões globais de CO2 de origem fóssil, respectivamente.
Por países, as emissões da China (32% do total mundial) aumentaram 0,2%; as emissões dos Estados Unidos (13% do total mundial) diminuíram 0,6%; as emissões da Índia (8% do total mundial) aumentaram 4,6%; e as emissões da União Europeia (7% do total mundial) diminuíram 3,8%. Em geral, as emissões no resto do mundo (38% do total) aumentaram 1,1%.
Emissões Anuais Totais vs Emissões Per Capita
Não é surpreendente que no top 10 de emissões anuais de CO2, a China (com mais de 11.900 milhões de toneladas -Mt-) lidere uma classificação seguida pelos Estados Unidos (4.911 Mt), Índia (3.062 Mt), Rússia (1.815 Mt), Japão (988 Mt), Irã (817 Mt), Arábia Saudita (736 Mt), Indonésia (733 Mt), Alemanha (596 Mt) e Coreia do Sul (577 Mt).
Emissões anuais de C02[/caption>Mais eloquente é o gráfico das emissões por habitante, um dado que define o impacto do estilo de vida das sociedades no meio ambiente e que pode levar as pessoas a refletir sobre a forma como consomem, especialmente quando países com muito menos habitantes que a China têm uma pegada de carbono per capita maior.
Nesta classificação, vemos como os países petroleiros e do Golfo, como Catar, Bahrein, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, lideram o ranking de emissões per capita, com 39 toneladas (t), 23 t, 22 t e 22 t, respectivamente. Números que, por outro lado, eram esperados em economias baseadas na extração de petróleo e gás que, há menos de um século, eram vilarejos de pescadores.
Mas é aqui que começamos a ver números mais impressionantes:
Os cidadãos da Austrália (14 t), Estados Unidos (14 t), Canadá (14 t), Rússia (12 t), Coreia do Sul (11 t), Irã (9 t) e o cidadão médio da União Europeia (8,4 t) têm uma pegada de carbono igual ou superior à do chinês médio (8,4 t).
Emissões de C02 per capita por fonte 2023[/caption>Evidentemente, os números de emissões per capita da China refletem um país com quase 1,5 bilhão de habitantes, o que os distribui de forma mais igualitária. No entanto, a reflexão mais importante do ponto de vista ambiental é o custo do estilo de vida ocidental, que, sendo sociedades muito menos populosas, têm um maior impacto ambiental por habitante.