A recente revogação da ordem que proibia o uso de glifosato no município de Gualeguaychú, somada à sanção de uma nova Lei de Agroquímicos em Entre Ríos, “Glifosato zero”, reacendeu os debates sobre o impacto dos defensivos agrícolas. Cientistas e especialistas alertam novamente sobre os efeitos nocivos dessas substâncias, que poderiam estar relacionados ao aumento de casos de câncer na região.
Desde a adoção de pacotes transgênicos (pesticidas e sementes resistentes) na agricultura, o impacto na saúde e no meio ambiente tem gerado preocupação. Casos como os de Fabián Tommasi em Basavilbaso e Estela Lemes em Gualeguaychú tornaram-se símbolos dos danos associados aos agroquímicos, instalando um debate que persiste entre defensores de seu uso sob Boas Práticas Agrícolas (BPA) e aqueles que denunciam seus riscos.
Em 19 de dezembro passado, a Câmara de Deputados de Entre Ríos aprovou a nova Lei de Agroquímicos, que regula seu uso sob o paradigma das BPA. No dia seguinte, o Conselho Deliberante de Gualeguaychú revogou a ordenança “Glifosato Zero”, que proibia totalmente o uso e comercialização do herbicida. A medida foi justificada como cumprimento de uma ordem judicial que declarou a normativa inconstitucional, abrindo caminho para um cenário mais permissivo.
Nesse sentido, pesquisadores como Adrián Friedrich e Germán Lener, do CONICET, estudaram os efeitos do glifosato e de outros agroquímicos na saúde humana e no ambiente. Friedrich, especialista em imunooncologia, explicou que o glifosato e o clorpirifós podem comprometer o sistema imunológico, dificultando sua capacidade de combater tumores. Por outro lado, Lener, especialista em química ambiental, acrescentou que estudos em anfíbios e ratos evidenciam toxicidade, danos genéticos e hormonais que podem se replicar em humanos.
O alcance do glifosato na população
Contrariamente ao que se poderia pensar, os efeitos do glifosato não se limitam às áreas rurais. Sua presença foi detectada na água potável, alimentos, poeira doméstica e até mesmo na chuva, sugerindo um impacto amplo. Este herbicida é utilizado não apenas em cultivos transgênicos, mas também em práticas como a rotação de culturas química, aumentando sua dispersão no ambiente.
A classificação do glifosato como “provável carcinógeno” por organismos internacionais se baseia em pesquisas que mostram a presença do composto no sangue, urina e até mesmo na placenta de mulheres grávidas. Essas exposições estão associadas a um maior risco de linfomas e outras patologias.
É possível um uso seguro?
A ideia de um uso “inócuo” de agroquímicos é questionada pelos especialistas. Lener afirma que não há evidências científicas livres de conflitos de interesse que respaldem essa afirmação. Friedrich destaca que a resistência das ervas daninhas levou a aplicações em doses maiores ou mais frequentes, agravando o problema.
A controvérsia em torno do glifosato coloca em tensão os interesses econômicos do setor agrícola e as preocupações com a saúde pública e ambiental. Enquanto a indústria argumenta a favor de seu uso controlado, ambientalistas e cientistas insistem que os riscos para a saúde e o meio ambiente não podem ser ignorados.
A discussão sobre os agroquímicos, longe de se resolver, encontra-se em um ponto crítico, impulsionada por evidências científicas cada vez mais contundentes e uma crescente preocupação da população.
¿Qué es el glifosato y cuáles son sus riesgos?
De acordo com os especialistas, o glifosato é um herbicida de amplo espectro não seletivo e sistêmico que é absorvido por qualquer planta através de seus tecidos. Este químico pode impedir a planta de produzir as proteínas necessárias para seu crescimento, levando-a à morte.
No entanto, este químico pode se tornar uma arma de destruição em massa, pois não afeta apenas a planta que o recebe, mas também a biodiversidade da água e do solo, representando riscos para a saúde humana. Isso ocorre porque sua aplicação pode ter um alto custo para o ecossistema em que é utilizado.
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