Os incêndios florestais na Patagônia devastaram cerca de 32.000 hectares de florestas nativas. Trata-se de quatro vezes mais área afetada em comparação com a temporada anterior.
A informação foi divulgada pela Greenpeace Argentina, que classificou esta como a pior temporada das últimas três décadas na região.
Através da análise de imagens de satélite, determinou-se que a área afetada pelo fogo nas Florestas Andinas Patagônicas atingiu 31.722 hectares.
Estas áreas estão distribuídas entre as províncias de Neuquén (11.782 ha), Río Negro (10.218 ha) e Chubut (9722 ha). Estes números representam um forte aumento em relação às 7.747 hectares incendiadas entre outubro de 2023 e março de 2024.
Incêndios florestais: áreas críticas e comunidades afetadas
O relatório destaca a gravidade dos incêndios ocorridos em áreas protegidas de alto valor ecológico como o Parque Nacional Lanín, o Parque Nacional Nahuel Huapi e o Parque Nacional Los Alerces.
Incêndio florestal em Epuyén. (Foto: Matías Garay- Greenpeace).
Também destaca os impactos em áreas povoadas como Mallín Ahogado (Río Negro) e Epuyén (Chubut), onde o fogo afetou várias residências.
“O 95% dos incêndios florestais são iniciados por causas humanas e se agravam em épocas de seca, sendo fundamental um maior trabalho de prevenção e um considerável aumento de brigadistas e infraestrutura para combater o fogo precocemente, tanto em nível provincial como nacional“, alertou Hernán Giardini, coordenador da campanha de Florestas da Greenpeace.
Giardini também ressaltou a necessidade de eliminar espécies exóticas como os pinheiros. “Aumentam o risco de incêndios e prejudicam a recuperação das florestas queimadas”, explicou. “Os governos devem parar de subestimar ou negar a crise climática e agir em conformidade”, acrescentou.
Florestas nativas em perigo
Os Bosques Andinos Patagônicos são um dos biomas mais bem conservados da Argentina, com aproximadamente 3 milhões de hectares de florestas temperadas com pouca intervenção humana.
No entanto, os incêndios florestais tornaram-se a principal ameaça para sua conservação, deslocando até mesmo a atividade agropecuária, que é a principal causa de desmatamento em outras regiões do país.
Entre 2001 e 2023, a perda acumulada de Bosques Andinos Patagônicos foi de 115.140 hectares, sendo 56% delas na província de Chubut, principalmente devido a incêndios, segundo dados oficiais.
Greenpeace enfatizou que esses incêndios florestais não apenas afetam a biodiversidade, mas também agravam a emergência climática e ecológica.
“Continuar com a destruição de nossas florestas implica em mais mudanças climáticas, extinção de espécies, inundações, desertificação, deslocamento de comunidades camponesas e indígenas, doenças e perda de alimentos, madeira e medicamentos”, explicou Giardini.
“É evidente que as multas não são suficientes para desencorajar tanto os incêndios florestais quanto o desmatamento, por isso os responsáveis devem ser penalizados”, acrescentou.
A crise recorrente de incêndios florestais na Argentina
Incêndios no Parque Nacional Lanín. (Foto: Federico Soto- Greenpeace).
A cada ano, os incêndios florestais se tornam uma notícia mais comum na Argentina, especialmente em épocas de altas temperaturas. Esta crise recorrente não foi uma exceção no início de 2025, com focos ativos que ameaçam ecossistemas, lares e economias locais.
Em nosso país, a temporada de incêndios varia de acordo com a região geográfica, aumentando geralmente durante o