Na Península Valdés em Chubut, tem sido registrada uma alta estatística de mortes de baleias desde a semana passada. Os especialistas suspeitam que a alimentação é a chave da intoxicação.
Embora as autoridades locais tenham negado até agora, a causa poderia ser um fenômeno chamado “maré vermelha“. Até a semana passada, mais de 70 exemplares foram encontrados na região da Península Valdés e o número pode continuar aumentando.
Morte de baleias: o que é a maré vermelha
Embora este fenômeno não esteja oficialmente declarado em Chubut este ano, já ocorreu em temporadas anteriores e poderia ocorrer.
A maré vermelha causou a morte de muitas espécies.A maré vermelha é um fenômeno natural que ocorre nos mares ao redor do mundo. É causado por uma proliferação massiva de algumas espécies de algas microscópicas (microalgas) quando determinados fatores ambientais (como temperatura, luz, PH, disponibilidade de certos nutrientes, salinidade, entre outros) se tornam favoráveis para sua multiplicação.
Devido aos pigmentos das microalgas, sua acumulação na superfície do mar pode ser visualizada como manchas de cor avermelhada, marrom ou esverdeada. Isso é o que lhe deu o nome.
Por que afeta as baleias?
“As baleias estão se alimentando cada vez mais frequentemente na área da Península Valdés e o alimento da baleia se alimenta desta alga tóxica, então há uma transferência de toxicidade na cadeia alimentar”, afirmou Valeria D´Agostino, pesquisadora do CONICET no Centro de Estudos de Sistemas Marinhos.
A morte das baleias poderia estar relacionada. Como são carnívoras, se alimentam de pequenos organismos, chamados zooplâncton. “Estes zooplâncton se alimentam do fitoplâncton, onde estão as algas tóxicas”, detalhou a cientista ao Rio Negro.
“Então há uma transferência do produtor de toxinas para a presa da baleia e da presa da baleia para a baleia. Até mesmo ocorrem mortes de lobos marinhos, de aves marinhas, porque há uma transferência ao longo de toda a cadeia alimentar”, acrescentou.
Maré vermelha: pode afetar os humanos?
Diante da preocupação com este fenômeno, o Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (Senasa), através de um comunicado no início do verão, fez uma série de recomendações diante da maré vermelha. Para “prevenir a intoxicação por consumo de moluscos contaminados com estas toxinas”.
“A maré vermelha representa um perigo para a saúde humana, uma vez que organismos como moluscos bivalves ou gastrópodes podem acumular as toxinas em seus corpos ao se alimentarem de microalgas tóxicas e, ao consumi-los, as pessoas podem se intoxicar”, alertaram.
Além disso, esclareceram que, para saber se um marisco está com toxinas, é necessário realizar uma análise que só é feita em laboratórios especializados sob controle do órgão nacional.
“Se esses moluscos contaminados forem consumidos, podem causar intoxicação nas pessoas, cuja gravidade dependerá do tipo de toxina e da dose ingerida”, alertaram. “As toxinas não são inativadas pelo cozimento, adição de vinagre ou limão, ou pelo consumo de álcool. Não existem antídotos“, esclareceram.
O que é a maré vermelha.Como prevenir a intoxicação, segundo o Senasa
- Não coletar moluscos e/ou mariscos nas praias para consumo doméstico.
- Respeitar as disposições, ordenanças e avisos públicos sobre a proibição da extração e consumo de moluscos.
- Não adquirir preparações feitas com mariscos (conservas, saladas, paellas, etc.) em barracas de rua ou estabelecimentos sem autorização sanitária.
- Não comprar mariscos frescos “direto do barco”, em cais ou de coletores não autorizados.
- Não comprar moluscos que não possuam o certificado sanitário emitido por um órgão oficial.
- Comprar ou consumir mariscos adquiridos apenas em peixarias, restaurantes ou estabelecimentos alimentícios devidamente autorizados.
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