A região da Amazônia pertencente ao Peru tornou-se o epicentro dos incêndios florestais ocorridos nesta região até 2024. Este dado alarmante surgiu de um recente relatório realizado pela Iniciativa Mapbiomas Peru, liderada pelo Instituto del Bien Común (IBC), em colaboração com o IPAM, Brasil.
Este relatório revelou que as florestas e as áreas agropecuárias foram as mais afetadas, visto que dois em cada três incêndios (67%) ocorreram em ecossistemas naturais, enquanto o terço restante (33%) aconteceu em áreas agropecuárias.
Esta pesquisa analisou os incêndios florestais no país durante as últimas duas décadas, ou seja, de 2002 a 2024. Para isso, foram considerados os focos de calor e sua relação com o solo, principalmente nos meses de agosto e setembro, época em que historicamente se concentra a maior ocorrência de incêndios.
De fato, o mês de setembro de 2024 bateu o recorde histórico de incêndios, além de a Amazônia peruana ter se tornado a região mais afetada. Dentro desta região, está o departamento de Ucayali, que lidera a lista de localidades com maior incidência de focos de calor deste ano. O que não traz mais do que más más notícias para o meio ambiente do Peru e toda a América Latina.
Incêndios florestais recorrentes no Peru
Os incêndios florestais são fenômenos que se intensificam durante a temporada seca no Peru, especialmente nos meses de agosto e setembro. De acordo com especialistas, alguns desses incêndios podem ter origem natural, embora o principal responsável por esses incêndios seja a atividade humana, que agrava as condições climáticas.
Neste sentido, vale ressaltar que 49% dos focos de calor ocorreram em áreas florestais, 35% em regiões agropecuárias, enquanto 12% ocorreram em formações naturais não florestais, como pastagens, ervas inundáveis e arbustos.
De acordo com a análise da tendência de focos de calor mensal entre janeiro de 2015 e setembro de 2024, os focos atingem seu nível máximo no mês de setembro. Em relação a este dado, durante agosto e setembro deste ano, os departamentos de Ucayali, Madre de Dios, Huánuco, San Martín e Loreto foram os locais com maior concentração de focos de calor.
Incendios forestales en Perú.
A biodiversidade e economia afetadas pelas mudanças climáticas
Segundo especialistas, a prática agrícola tradicional de usar fogo para limpar os terrenos e preparar o solo para futuras culturas, é uma das mais arriscadas, pois aumenta a vulnerabilidade dos ecossistemas, tornando-os mais vulneráveis aos incêndios.
De fato, esses incêndios causam um efeito devastador tanto na biodiversidade quanto na economia das comunidades que ali habitam. Isso se deve à redução dos habitats, comprometendo a segurança alimentar e, consequentemente, os meios de vida das famílias locais.
Por esse motivo, é considerado fundamental ter informações técnico-científicas para avaliar e monitorar os incêndios de forma histórica, mensal e anual, a fim de alcançar uma prevenção e gestão de incêndios mais eficaz. Essas informações os ajudarão a estudar a temperatura do solo, gerar dados e mapas para facilitar a detecção precoce e o monitoramento de incêndios, enquanto identificam as áreas mais vulneráveis, e assim tomar decisões melhores e alocar os recursos necessários.
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