Os povos indígenas da Bolívia pedem o cumprimento das sentenças por contaminação mineira.

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A contaminação por metais pesados como mercúrio, chumbo, arsênio e cádmio, resultante das atividades de mineração na Bolívia, está causando estragos na saúde dos habitantes dos povos originários e em seus territórios.

Diante dessa situação crítica, representantes das comunidades afetadas foram ao Congresso em busca de justiça e medidas urgentes para abordar os problemas ambientais e de saúde que enfrentam.

O impacto da mineração no meio ambiente é profundo. À medida que os metais extraídos perturbam o equilíbrio ecológico ao serem removidos de depósitos naturais, surgem problemas como a degradação do solo, desmatamento e contaminação da água e ar.

Esse deterioro afeta diretamente comunidades como as de San Agustín de Puñaca (Oruro), Cantumarca (Potosí) e as populações indígenas do Cpilap (La Paz).

Casos alarmantes de contaminação na Bolívia

Prudencio Poma, autoridade originária do Ayllu San Agustín de Puñaca, compartilhou em uma audiência na Câmara dos Deputados como o lago Poopó, antes rico em biodiversidade, agora está salgado e contaminado devido a décadas de atividades de mineração. Essa transformação não apenas alterou o ecossistema, mas também acabou com a agricultura, pecuária e pesca, que eram o sustento da população.

No caso de Cantumarca, em Potosí, análises de sangue realizadas em 120 pessoas indicaram que 85% dos habitantes apresentavam níveis elevados de chumbo no sangue. No Norte de La Paz, exames feitos em mais de 300 pessoas de comunidades indígenas como os Ese Ejjas e os Tsimanes revelaram que 74,5% apresentavam níveis de mercúrio até sete vezes superiores aos permitidos pelos padrões internacionais.

Esses resultados alarmantes foram corroborados por estudos adicionais em San Agustín de Puñaca, onde 100% dos habitantes analisados apresentaram concentrações de arsênio acima das recomendadas pela União Europeia.

A presença de metais pesados nos corpos dos habitantes revela uma problemática sistêmica: o descumprimento das sentenças que os povos originários conseguiram após apresentar ações legais. Em todos os casos mencionados, foram obtidas decisões favoráveis que ordenavam medidas de reparação e prevenção, mas as resoluções não foram implementadas.

Demandas e apelos à ação

As comunidades afetadas se uniram desde 2022, formando um bloco para exigir o cumprimento das sentenças judiciais e a criação de soluções eficazes. Suas reivindicações incluem:

  • Cumprimento imediato das sentenças judiciais: que as instituições estatais executem os planos de reabilitação ambiental ordenados.
  • Fundo de emergência ambiental: destinado à reparação integral dos territórios contaminados e à compensação das pessoas afetadas.
  • Medidas preventivas: proibir novas concessões de mineração em áreas sensíveis, controlar os passivos ambientais existentes e garantir a reabilitação das águas contaminadas.
  • Atenção médica especializada: para tratar as pessoas intoxicadas por metais pesados, além de implementar políticas públicas permanentes para os afetados.

Em Cantumarca, por exemplo, foi ordenado o fechamento das barragens de rejeitos de Laguna Pampa I e II, responsáveis por espalhar contaminantes para as comunidades próximas. No entanto, embora o prazo para cumprir a sentença tenha expirado em junho de 2024, as medidas ainda não foram implementadas.

Da mesma forma, no caso de Cpilap, foi determinada a reabilitação de peixes em rios afetados como o Beni e Madre de Dios, juntamente com investigações penais sobre a contaminação, mas essas disposições também não avançaram.

Reflexão e necessidade de justiça ambiental

A crise enfrentada por essas comunidades não é apenas um reflexo dos impactos da mineração não regulamentada, mas também da falta de vontade política para proteger as populações vulneráveis.

Além dos danos imediatos à saúde e ao meio ambiente, essas situações geram desconfiança nas instituições e perpetuam ciclos de pobreza e desigualdade.

A situação dos povos originários afetados pela mineração na Bolívia destaca a necessidade urgente de tomar medidas concretas para garantir justiça ambiental e proteger os direitos humanos.

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