Querem dissolver o Instituto Nacional da Água, peça fundamental na gestão de inundações e secas.

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O Instituto Nacional da Água (INA) na Argentina está descentralizado em cinco sedes em todo o país, onde trabalham cerca de 300 pessoas. Seu papel é fundamental no desenho, monitoramento e avaliação de políticas e projetos relacionados à água.

Entre suas atividades mais destacadas estão a previsão e alerta de inundações e secas, o desenho de grandes obras hidráulicas como as centrais hidroelétricas nacionais e internacionais, a investigação de doenças relacionadas com a água e a resolução de conflitos legais por contaminação.

No entanto, o INA poderia ser substituído por uma empresa privada e seu pessoal reduzido para apenas 50 pessoas, conforme denunciam os trabalhadores.

Ameaça de dissolução e redução de pessoal do Instituto Nacional da Água

Num comunicado de imprensa, os funcionários do INA apontaram que o histórico instituto “enfrenta um futuro incerto após uma decisão do Ministério da Desregulação e Transformação do Estado, que ameaça dissolver este organismo, com mais de cinco décadas de trajetória”.

Apesar de estar explicitamente protegido pela Lei de Bases N°27.742, que o inclui na lista de organismos que não podem ser dissolvidos, os trabalhadores entendem que o ajuste orçamentário e as demissões podem ser uma maneira de contornar o impedimento e deixar o INA sem cumprir os objetivos para os quais foi criado.

Segundo Melina Devercelli, diretora do Centro Regional Litoral do INA, o Ministério da Desregulação e Transformação do Estado “solicitou a dissolução do INA, alegando que suas funções poderiam ser cobertas por uma empresa privada”.

Diante da exceção de fechamento pela própria Lei de Bases, está sendo solicitada a elaboração de um plano de negócios auto-sustentável para dois dos laboratórios do Polo Hídrico de Ezeiza, equivalentes a uma privatização, e o fechamento de Centros Regionais. A cientista também alertou que se busca reduzir o INA para um mínimo de 50 trabalhadores.

No comunicado de imprensa, destaca-se que “foi solicitado ao Subsecretário de Recursos Hídricos da Nação, Dr. Andrés Rodríguez, iniciar com a redução da instituição”. Rodríguez, por sua vez, está encarregado da presidência do Instituto, uma vez que o Governo não designou uma pessoa para o cargo, assim como o gerente de projetos, sendo essas as duas principais autoridades.

Impacto do ajuste em ciência e tecnologia

O ajuste ocorre num contexto de avanço contra os organismos de Ciência e Tecnologia, onde muitos deles, como a Agência que financia o sistema científico argentino, pararam de pagar os projetos de pesquisa, mesmo quando seus fundos vinham de empréstimos de organismos multilaterais.

Somente em 23 de janeiro passado, após cinco meses de atraso, foi dada a aprovação de fundos para pagar parte da dívida dos serviços que não eram pagos desde agosto, mesmo com ameaças de corte e outros serviços que já haviam sido faturados.

A infraestrutura do INA

O INA, como instituição de ciência e tecnologia, desempenha um papel que vai além das capacidades do setor privado. A instituição conta com uma infraestrutura única e uma equipe interdisciplinar de especialistas dedicados à pesquisa e busca de soluções para problemas hídricos.

“Temos uma infraestrutura única na América Latina para estudar esse tipo de problemas, para fazer modelos físicos em escala, temos capacidade de computação específica para problemas hidráulicos: estamos bem equipados”, afirmou Mariano Re, chefe do programa de Hidráulica computacional do Laboratório de Hidráulica de Ezeiza.

Pesquisa e benefício social

Além de sua infraestrutura, o INA desenvolve pesquisas que beneficiam a sociedade: oferece serviços altamente especializados e capacita recursos humanos na gestão da água. Ao contrário do setor privado, o INA não visa lucro, o que garante a independência de critério e o compromisso com a comunidade.

Uma das características mais importantes do INA é sua estrutura descentralizada em diferentes zonas geográficas do país, onde foram criados Centros Regionais: Litoral, em Santa Fé; Andino, em Mendoza; Região Semiárida, em Córdoba; Águas Subterrâneas, em San Juan e os três laboratórios do terreno de Ezeiza.

Por isso, a instituição pode abordar problemas hídricos que vão além das fronteiras provinciais, como a gestão de bacias hidrográficas compartilhadas ou a gestão de recursos hídricos. No entanto, a ideia de fechar os centros regionais vai contra a natureza independente em questões nacionais e uma visão abrangente do recurso hídrico.

Consequências da dissolução do INA

A dissolução ou desmantelamento do INA teria graves consequências para a sociedade e a economia. A instituição desempenha um papel fundamental na prevenção e mitigação de desastres hidrológicos, como inundações e secas. Seu sistema de alerta hidrológico, por exemplo, permite prever o comportamento dos rios e alertar a população em risco.

Além disso, o INA gera informações hidrológicas essenciais para a produção agropecuária, a indústria e o setor energético. Seu trabalho permite otimizar obras de infraestrutura hídrica, reduzir custos e prevenir perdas econômicas.

O Instituto Nacional da Água participou do desenho de eclusas para o Canal do Panamá, um projeto de grande dimensão que exigiu mão de obra altamente especializada. A incidência do INA também abrange as diferentes regiões do país, intervindo em atividades econômicas como a mineração, a agricultura, a vitivinicultura e a agroalimentar.

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