Uma tragédia de poluição ambiental se tornou um dos grandes sucessos da Netflix em 2025.

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O primeiro julgamento por poluição por partículas no ar deu origem a uma das produções mais bem-sucedidas da Netflix em 2025. A minissérie “Cidade Tóxica“, escrita por Jack Thorne, aborda a luta ambiental de um grupo de mães da cidade inglesa de Corby, que denunciaram a Câmara Municipal local por serem responsáveis por defeitos congênitos em seus filhos.   

Esta trama tem seu ponto de partida em 1980, com o fechamento da fábrica de produção de aço que empregava grande parte da população. Na metade da década de 80, a Câmara Municipal decidiu mover os resíduos da indústria demolida para uma pedreira, a fim de habilitar os terrenos.

Entre 1985 e 1997, vários casos de crianças nascidas com defeitos congênitos em Corby foram relatados, devido à poluição dos resíduos da indústria do aço. Foto: Netflix.

Poluição ambiental

Esse processo de extração e remoção de resíduos tóxicos é o que denota o conflito ambiental. Para essa operação de transporte, que durou vários anos, não foram considerados padrões mínimos de segurança. A empresa contratante omitiu medidas para evitar a dispersão de poeiras tóxicas.

Cerca de 200 veículos transportavam as substâncias tóxicas para a pedreira diariamente. No entanto, na maioria das vezes, a carga não estava adequadamente coberta, permitindo vazamentos de produtos químicos ao longo dos anos. Além disso, foram cometidas infrações documentais, comprometendo inspeções e autorizações. O interesse empresarial em reduzir custos se conjugou com a conivência política.

Na série, o problema é descrito da perspectiva de três mães (Susan, Tracey e Maggie) que começam a perceber conexões entre seus filhos nascidos com deformações. Aos poucos, elas encontram mais casos e tomam consciência de que é uma realidade generalizada na cidade. A série explora a luta para ser ouvida e a busca pela verdade dessas mulheres, que acabam levando o caso à Justiça.

A série não o expressa, mas na vida real a resolução do litígio não foi rápida. “O caso levou 11 ou 12 anos para ser resolvido. Naquela época, era o caso mais longo em que eu havia participado. Foi uma experiência educativa em muitos aspectos”, lembrou Des Collins, o advogado que representou as mulheres denunciantes, em uma recente entrevista.

As mães denunciantes com as intérpretes da série. Da esquerda para a direita, a atriz Claudia Jessie com a verdadeira Maggie Mahon; Tracey Taylor com a atriz Aimee Lou Wood e Susan McIntyre com a atriz Jodie Whittaker. Foto: Netflix

Julgamento histórico

No processo legal, o desafio para os autores da ação foi provar como as substâncias químicas entravam nos organismos das mães e afetavam os fetos. Além disso, foi necessário demonstrar a negação negligente da Câmara Municipal que tinha conhecimento do problema.

Foram realizados estudos e especialistas foram convocados para as audiências. Foi identificada a presença de cádmio, que em pesquisas científicas anteriores estava relacionado a defeitos de nascimento em animais. Além disso, ficou comprovado que o pó tóxico podia viajar vários quilômetros pelo ar.

Em 29 de julho de 2009, o Tribunal Superior de Justiça de Londres decidiu a favor de 16 famílias afetadas, entre 1985 e 1997, pela poluição por partículas no ar. A justiça considerou a Câmara Municipal de Corby responsável por negligência e descumprimento de suas obrigações legais no processo de remoção dos resíduos da planta industrial.

A analista da BBC Colette McBeth considerou o caso como um marco na jurisprudência britânica e mundial, pois provou, pela primeira vez, a ligação entre defeitos físicos e poluição ambiental.

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