Um recente estudo publicado na Science of the Total Environment alerta sobre os efeitos imunotóxicos derivados do uso intensivo de pesticidas na agricultura de estufa. Esta prática não só representa um perigo ambiental, mas também compromete gravemente a saúde dos trabalhadores expostos a estes compostos.
O uso massivo de pesticidas na indústria agroalimentar tem consequências negativas tanto para o meio ambiente, a saúde humana e a biodiversidade. Em termos ambientais, o excesso de pesticidas e nutrientes como os nitratos pode infiltrar-se em águas superficiais e subterrâneas, causando contaminação.
No âmbito humano, uma equipe de pesquisadores do Instituto de Pesquisa Biosanitária de Granada (ibs.GRANADA) e das universidades de Granada e Almería identificou alterações imunológicas associadas à exposição prolongada a pesticidas, o que incrementa o risco de desenvolver doenças crônicas.
Este estudo incluiu 175 agricultores expostos a pesticidas e 91 pessoas não expostas como grupo de controle. Durante uma campanha agrícola, os pesquisadores analisaram 27 citocinas, quimiocinas e fatores de crescimento em períodos de alta e baixa exposição.
Os resultados mostraram níveis significativamente elevados de interleucinas como IL-4, IL-6 e IL-13, associadas a inflamações alérgicas, além de marcadores de inflamação crônica como IL-1β, VEGF e Rantes. Estas alterações nas proteínas imunorreguladoras sugerem um maior risco de doenças crônicas, segundo Antonio Hernández, pesquisador principal do estudo.
Condições de risco nas estufas
As estufas, com seu ambiente fechado e uso intensivo de pesticidas, expoem os agricultores a concentrações elevadas de produtos químicos. Estas condições propiciam um desequilíbrio nas citocinas do sistema imunológico, favorecendo o surgimento de doenças de base imunológica.
O estudo, financiado pela Junta de Andalucía, destaca a urgência de melhorar as condições de trabalho dos trabalhadores agrícolas. Isso inclui implementar monitoramento direto da exposição, desenvolver intervenções precoces e adaptar as políticas de saúde pública para mitigar os riscos.
A pesquisa reforça a necessidade de medidas preventivas que incluam equipamentos de proteção adequados, avaliações de saúde regulares e campanhas de conscientização. Proteger os trabalhadores agrícolas não é apenas uma questão de justiça laboral, mas também uma estratégia essencial para garantir a sustentabilidade e o bem-estar no setor agroalimentar.
Quais são os riscos do uso de pesticidas?
Os pesticidas são substâncias elaboradas com o objetivo de controlar, matar, repelir ou atrair uma praga. Tal praga pode ser qualquer organismo vivo que provoque danos ou perdas econômicas ou que transmita ou produza alguma doença.
Os pesticidas podem representar riscos para a saúde humana e o meio ambiente:
Efeitos na saúde humana
A exposição a pesticidas pode causar efeitos a curto e longo prazo:
A curto prazo, pode provocar dor de cabeça, tonturas, fraqueza, ansiedade, nervosismo, problemas de visão, náuseas, vômitos, sudorese, pulso lento, tremores musculares, lacrimejamento, tosse, problemas cardíacos e sensação de sufocamento.
A longo prazo, pode causar esterilidade, anemia aplástica, câncer, leucemia, Parkinson, asma, distúrbios neuropsicológicos e cognitivos.
Efeitos no meio ambiente
O uso de pesticidas pode causar:
- Perda de biodiversidade aquática
- Proliferação de espécies praga tolerantes
- Geração de resistência em ervas daninhas
- Perda de polinizadores
- Contaminação do ar, solo e águas
A probabilidade de desenvolver problemas de saúde devido aos pesticidas depende da toxicidade do pesticida e da quantidade de exposição.
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