Como bispo e cardeal, Robert Prevost expressou, em diferentes momentos, seu compromisso com as mudanças climáticas e seus impactos. Agora como Papa Leão XIV, muitos fiéis e ativistas ambientais esperam que ele mantenha e reafirme seu compromisso.
“O planeta nos precisa”, publicou em 7 de novembro de 2015, em sua conta do Twitter (X), a rede social onde era mais ativo. Nesse dia, ele acompanhou uma mobilização cidadã de tom ambientalista realizada em Chiclayo, cidade do norte do Peru onde atuou como bispo por uma década.
Na foto que acompanha a postagem, os manifestantes seguram cartazes com citações da Encíclica Laudato Si, texto no qual o Papa Francisco I instou a população ao “cuidado de nossa casa comum”.
Comprometido com as mudanças climáticas
Meses depois, assinou a petição climática católica – iniciativa do Movimento Católico Mundial pelo Clima – na qual instou os líderes mundiais a se comprometerem com o Acordo de Paris e promover planos de energias limpas.
Em 2017, Chiclayo foi uma das áreas mais afetadas pelo fenômeno El Niño. A população sofreu inundações e transbordos de rios em grande parte de seu território. Prevost liderou uma campanha de apoio aos afetados. Ele mesmo foi com suas botas trabalhar na remoção de escombros e resgates. Fez o mesmo em 2023, quando o ciclone Yaku atingiu a região. O então bispo se mostrou muito crítico com as autoridades locais pela falta de prevenção diante de eventos climáticos cada vez mais frequentes e intensos.
“Não é a primeira vez que há chuvas desse tipo e a prevenção não foi boa, a falta de resposta é muito grave”, expressou.
Um porta-voz preocupado com a natureza
Em novembro de 2024, o cardeal Prevost – naquela época presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina e Prefeito do Dicastério para os Bispos – comprometido com o meio ambiente participou de um seminário que reuniu cardeais para discutir os impactos das mudanças climáticas nas populações mais vulneráveis do mundo.
“É hora de passar das palavras para a ação”, disse o hoje Papa XIV ao se referir à crise ambiental nesse encontro realizado em Roma.
Diante de outras lideranças do poder eclesiástico, ele destacou os esforços do Vaticano para reduzir sua pegada de carbono através da instalação de painéis solares e da incorporação de veículos elétricos.
Neste encontro, Prevost também ressaltou a necessidade da participação da Igreja na luta contra as mudanças climáticas. “Os seres humanos devem estabelecer uma relação de reciprocidade com o meio ambiente, em vez de uma relação tirânica”, afirmou.
Lorna Gold, diretora executiva do Movimento Laudato Sí, descreveu o novo Sumo Pontífice como “um homem que defende a unidade, a paz e a ação por nosso planeta”.
Para a próxima Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), a diretora executiva Ana Toni espera que Leão XIV seja uma voz que ajude a visibilizar a problemática do aquecimento global.
“Espero que o Papa Leão XIV, comprometido com as mudanças climáticas, seja o líder inspirador da paz e da solidariedade que precisamos nestes tempos difíceis, e que amplie os esforços da Igreja Católica para enfrentar a crise climática, incentivando os fiéis, governos e líderes de todo o mundo a se unirem e protegerem a vida em nosso maravilhoso planeta”, afirmou Toni em um comunicado.
