Projeto de lei busca reformar a “Lei Sarmiento” e proibir a tração animal.

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O advogado portenho Nicolás Juan Molinari apresentou no Congresso da Nação um projeto de lei que busca reformar a histórica “Lei Sarmiento”, em vigor desde 1954, para reforçar a proteção dos animais e endurecer as penas por maus-tratos e crueldade. Entre suas propostas mais relevantes está a proibição da tração animal em todo o país, uma medida que impactaria diretamente em atividades turísticas como o transporte de bagagem por mulas no Parque Provincial Aconcagua.

O advogado penalista Oscar Mellado, especialista em direitos dos animais em Mendoza, apoiou a proposta e destacou que a reforma responde a uma crescente demanda social por sanções mais severas contra a crueldade animal.

O projeto prevê penas de 6 meses a 5 anos de prisão, além de multas de até 60 vezes o Salário Mínimo Vital e Móvel (SMVyM), para aqueles que praticarem maus-tratos aos animais. Entre as ações proibidas estão:

– Não alimentar adequadamente os animais domésticos ou cativos.
– Empregá-los em condições abusivas ou prejudiciais à sua saúde.
– Negar-lhes cuidados veterinários quando necessários.
– Restringi-los em espaços inadequados ou expô-los a temperaturas extremas.
– Abandoná-los em via pública ou em condições de desamparo.
– Uso de substâncias estimulantes artificiais em competições, como drogas para alterar seu desempenho.

O caso do Parque Aconcagua e a polêmica sobre as mulas

Um dos aspectos mais controversos do projeto é a proibição da tração animal, o que afetaria o uso de mulas para o transporte de bagagem no Parque Provincial Aconcagua. Segundo dados dos guardas-parques, a cada temporada são utilizadas entre 900 e 1.000 mulas para essa atividade.

As denúncias sobre o deterioro na saúde dos animais têm sido recorrentes. Em janeiro deste ano, foram relatadas 70 mulas com ferimentos graves, sinais de desnutrição e condições inadequadas de vida. A situação piorou quando o Colégio de Veterinários de Mendoza rompeu seu contrato com o governo provincial e deixou de prestar serviços no parque.

O advogado Mellado argumentou que “já é hora de as mulas fazerem sua vida e pastarem”, em referência à necessidade de substituir esse método de carga.

Projetos em Mendoza buscam eliminar a tração animal

Enquanto o Congresso analisa o projeto em nível nacional, em Mendoza avança uma proposta similar do deputado Emanuel Fugazzotto, do Partido Verde, que busca proibir a tração animal em toda a província.

O legislador propõe um “processo de adaptação” para eliminar gradualmente o uso de mulas na alta montanha e substituí-lo por drones ou quadriciclos. Também apresenta alternativas para os cavalos utilizados em carroças em áreas urbanas, sugerindo que sejam substituídos por bicicletas com carro e que os animais sejam incorporados a programas de equinoterapia ou à Polícia Rural.

Fugazzotto denunciou que o Parque Aconcagua “deixou de ser uma área protegida para se transformar em um ‘shopping'”, em alusão à massificação do turismo e ao impacto na fauna.

As penas por crueldade animal: um quadro legal mais rigoroso

O projeto de Molinari também estabelece penas mais severas para diversas formas de crueldade animal, incluindo:

– Experimentação com animais: Fica proibida a vivissecção e o uso de animais para pesquisas científicas ou testes de produtos.
– Atropelamento intencional: São punidos aqueles que machucarem ou matarem animais por negligência grave.
– Espetáculos com sofrimento animal: São proibidas rinhas de galos, brigas de cães, touradas, rodeios e corridas de cães.
– Eutanásia injustificada: A eutanásia não pode ser aplicada como método de controle populacional. Somente será permitida com certificação veterinária em casos de sofrimento incurável.

Mendoza foi pioneira na proibição da eutanásia para controlar a fauna, uma medida que se reforça com a proposta de reforma.

O que acontecerá com a lei?

Desde a Secretaria de Ambiente e Ordenamento Territorial de Mendoza, foi indicado que o governo provincial aguardará a evolução do projeto nacional antes de tomar uma posição definitiva. Se a reforma for aprovada no Congresso, Mendoza terá que decidir se adere ou não à nova normativa.

A discussão sobre a tração animal e a crueldade animal continua gerando opiniões divergentes entre defensores dos direitos dos animais, setores turísticos e comunidades que dependem dessas práticas para subsistência. O que está claro é que a proteção animal conquistou um lugar na agenda política e legislativa do país.

Mula submetida à tração animal no Parque Aconcagua
Mula submetida à tração animal no Parque Aconcagua

O que implica a “Lei Sarmiento”?

A Lei Sarmiento foi a Lei Nacional Nº 2786, aprovada em 1891, que proibiu o maltrato aos animais na Argentina. Recebeu esse nome em homenagem ao ex-presidente Domingo F. Sarmiento, que se destacou na proteção animal. 

De fato, essa normativa foi a primeira lei argentina que buscou consagrar os direitos dos animais e estabeleceu multas para os infratores, mas não penas de prisão. Além disso, determinou a cooperação da polícia com a Sociedade Argentina Protetora de Animais para fazer cumprir a lei. 

A lei leva o nome Sarmiento, dado que esse famoso personagem histórico usou a imprensa escrita para problematizar o tratamento aos animais, sem mencionar que foi nomeado presidente da Sociedade Argentina Protetora dos Animais entre 1882-1885. Graças ao seu trabalho em relação à proteção dos animais, a Lei 14346, sancionada em 1954, foi uma lei penal que puniu os maus-tratos e crueldades contra os animais.

Fonte: El Sol.

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