Agricultores sul-africanos combatem a importação de pesticidas tóxicos da UE.

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Um relatório do Centro Africano para a Biodiversidade revela que na África do Sul ainda são permitidos o uso de 192 pesticidas altamente tóxicos, dos quais 57 são proibidos na União Europeia (UE).

Esses produtos químicos incluem substâncias neurotóxicas, cancerígenas e outras consideradas tóxicas agudas para o meio ambiente. Esse problema não apenas ameaça os ecossistemas, mas também expõe os trabalhadores agrícolas e suas famílias a riscos severos, perpetuando profundas desigualdades econômicas e sociais no país.

Impacto nos trabalhadores e comunidades vulneráveis

Os mais afetados são os trabalhadores agrícolas, que frequentemente vivem perto das áreas de pulverização.

Essas pessoas enfrentam condições de trabalho precárias: contratos instáveis, baixos salários, excesso de trabalho e pouca proteção contra os riscos químicos.

De acordo com o projeto Women on Farms (WFP), as mulheres são especialmente vulneráveis devido a fatores biológicos e sociais que as colocam em uma posição de maior exposição.

Durante uma audiência recente, várias trabalhadoras declararam que não recebem equipamento de proteção individual, sendo obrigadas a usar lenços para cobrir o rosto enquanto trabalham. Outras mencionaram a falta de acesso a necessidades básicas como água encanada e banheiros nos campos agrícolas, o que agrava as desigualdades.

Essas condições refletem uma realidade sistematicamente desigual, herdada do passado do apartheid, onde os latifundiários boers ainda dominam muitas fazendas.

Controvérsias na regulamentação e no comércio internacional

A discussão sobre os pesticidas perigosos também tem uma dimensão internacional. Na UE, está em debate restringir as importações de alimentos de países terceiros que contenham resíduos de pesticidas proibidos na Europa. No entanto, a África do Sul e outras nações exportadoras enfrentam obstáculos para alinhar suas normas com essas restrições, dada a complexidade de suas realidades agrícolas.

O grupo de lobby agroindustrial CropLife afirma que certos pesticidas são necessários em contextos agrícolas específicos, como os enfrentados pela agricultura sul-africana.

Além disso, a África do Sul está trabalhando em direção a uma eliminação progressiva dos pesticidas altamente tóxicos, mas os críticos apontam que a regulamentação muitas vezes não é efetivamente cumprida.

Em muitos casos, os trabalhadores agrícolas não estão cientes de seus direitos ou hesitam em defendê-los por medo de represálias. Isso evidencia a falta de proteção e educação sobre os riscos associados a esses produtos químicos.

Convenção de Roterdã e a necessidade de reformas

Em nível internacional, a Convenção de Roterdã busca promover decisões informadas entre os países que negociam com produtos químicos perigosos. No entanto, os especialistas argumentam que o cumprimento desses tratados costuma ser insuficiente, especialmente em regiões como a África do Sul, onde os interesses econômicos das grandes agroindústrias frequentemente superam as preocupações ambientais e de saúde pública.

Neste contexto, garantir um uso responsável de pesticidas e proteger as comunidades agrícolas exige não apenas cumprir com normas internacionais, mas também priorizar a educação e o empoderamento dos trabalhadores. Sem essas medidas, as desigualdades e os riscos continuarão sendo uma realidade persistente nas zonas rurais da África do Sul.

Foto da capa: Natasha Foote

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