Aumento alarmante do contrabando de iguanas das Galápagos

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Um estudo recentemente publicado na revista Biological Conservation detalha como as iguanas terrestres e os lagartos marinhos das ilhas Galápagos têm sido alvo do comércio ilegal de fauna silvestre.

Iguanas e lagartos que são protegidos pela Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES).

Este caso destaca as rotas complexas do contrabando de animais e a falta de supervisão eficaz nos sistemas internacionais de regulação.

De acordo com o relatório, Uganda emergiu como um centro-chave na exportação destas espécies para mercados asiáticos, bem como para países como Suécia, Canadá e Ucrânia.

Desde 2017, Uganda notificou exportações de iguanas das Galápagos, embora Equador nunca tenha autorizado licenças de exportação comercial. Isso demonstra uma alarmante falta de controle sobre o comércio de espécies ameaçadas.

A rota do contrabando: de Equador a Uganda

O relatório indica que o problema começou em 2010, quando as iguanas terrestres das Galápagos apareceram pela primeira vez no comércio de animais de estimação como supostas crias originárias do Mali, destinadas à Suíça.

Em 2013, algo semelhante ocorreu com as iguanas marinhas das Galápagos. Estas irregularidades refletem um padrão de falsificação de documentação e negligência na verificação da origem das espécies.

O principal operador por trás deste tráfico mudou-se para Uganda em 2014, após enfrentar denúncias em Zurique. Desde a sua chegada a Uganda, estabeleceu conexões com as autoridades locais para obter licenças de exportação sem verificar a origem legal dos animais, conforme relata o relatório.

Falhas no sistema CITES

O comércio ilegal destas espécies destaca as fraquezas na implementação das normas da CITES, especialmente nos controlos das espécies listadas no Apêndice II, como as iguanas das Galápagos. Estas espécies apenas necessitam de um permisso de exportação que certifique a sua origem legal, mas frequentemente os países importadores não investigam profundamente a autenticidade dos documentos.

Daniel Ariano Sánchez, vice-presidente do Grupo de Especialistas em Iguanas da UICN (ISG-IUCN), explica que em muitos casos não há uma comunicação eficaz entre as autoridades da CITES no norte e sul globais. Isso permite que países como Suíça aceitem importações de espécies endémicas das Galápagos provenientes do Mali, um país que nunca teve populações destas iguanas.

O Mali, por sua vez, justificou a exportação indicando que os exemplares eram criados em cativeiro, sem esclarecer a origem dos reprodutores. Posteriormente, a Suíça permitiu a reexportação para Uganda, o que legalizou de facto carregamentos ilegais.

Responsabilidade e soluções urgentes

A coautora do relatório, Sandra Altherr, destaca que o tráfico mundial de iguanas das Galápagos e de outras espécies valiosas está a ser cada vez mais “legalizado”. Isto ocorre através de licenças de exportação acríticas para exemplares supostamente criados em cativeiro.

Dada esta situação, os especialistas sugerem transferir as iguanas das Galápagos para o Apêndice I da CITES, conferindo-lhes a máxima proteção e limitando o seu comércio apenas para fins científicos ou de conservação.

Além disso, recomendam fortalecer a comunicação entre as autoridades da CITES de diferentes países e estabelecer sistemas que exijam maior transparência. Isso não só permitirá proteger as espécies ameaçadas, mas também manter a integridade dos ecossistemas únicos das Galápagos.

O caso das iguanas das Galápagos ilustra como as lacunas nos sistemas internacionais de regulação podem ser exploradas para traficar ilegalmente espécies ameaçadas. Este estudo visa dar visibilidade a esta problemática e reforçar as exigências do governo equatoriano para aumentar a proteção da sua biodiversidade.

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