Crueldade disfarçada de receita viral: o lado sombrio por trás da forma como os caranguejos são cozidos.

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Uma usuária do TikTok se tornou viral por um motivo muito distante de ser gastronômico. Em seu vídeo, aparentemente inocente, cozinha caranguejos vivos em uma fritadeira de ar. O que parecia ser apenas mais uma receita acabou gerando uma onda de repúdio nas redes.

A cena começa com ingredientes comuns: milho, batatas, temperos. No entanto, o conteúdo toma um rumo sombrio quando dois caranguejos vivos são colocados diretamente no aparelho a 200°C. Por 15 minutos, é possível vê-los lutando em uma morte lenta e dolorosa.

O vídeo, longe de passar despercebido, recebeu milhões de visualizações e gerou centenas de reações no TikTok. Muitos o classificaram como um ato de crueldade transmitido impunemente para entreter e gerar visualizações.

Apesar da rejeição em massa, o algoritmo favoreceu a viralização. A indignação não parou sua circulação; pelo contrário, a multiplicou.

![los cangrejos](https://storage.googleapis.com/media-cloud-na/2024/12/los-cangrejos-300×169.webp)
## Trasfondo: gastronomia, crueldade e legalidade
O consumo de caranguejo está profundamente enraizado na tradição culinária de muitas regiões, especialmente na costa leste dos EUA, onde pratos como o cozido de caranguejo azul são populares. No entanto, por trás do sabor, esconde-se uma realidade brutal.

Na indústria gastronômica, os caranguejos costumam ser cozidos vivos, pois acredita-se que sua carne se degrada rapidamente após a morte. Essa prática, normalizada durante anos, foi questionada pela ciência e pelo movimento pelos direitos dos animais.

Estudos recentes demonstram que os caranguejos possuem sistemas nervosos complexos, capazes de processar dor, e exibem comportamentos de autoproteção após serem feridos. Mesmo assim, em países como os Estados Unidos, não possuem proteção legal contra maus-tratos.

Em contraste, a União Europeia começou a reconhecer formalmente sua capacidade de sofrimento. Alguns países já proíbem ferver ou cozinhar crustáceos vivos sem atordoá-los previamente, um passo em direção a uma maior regulamentação ética do consumo animal.

Mesmo com essas diferenças, o vácuo legal ainda permite atos que, embora moralmente questionáveis, não são passíveis de punição, especialmente quando envolvem invertebrados como os caranguejos.

![Cangrejo azul. Foto: Wikipedia.](https://storage.googleapis.com/media-cloud-na/2025/04/cangrejo-azul-2-300×201.jpg.webp)
## Redes sociais e o espetáculo do sofrimento dos caranguejos
A viralização desse tipo de conteúdo mostra uma tendência preocupante: a banalização do sofrimento animal em troca de atenção digital. Casos semelhantes se multiplicaram em diferentes plataformas.

Relatórios recentes de organizações britânicas destacam um aumento nos casos de crueldade animal registrados nas redes sociais. Jovens entre 16 e 17 anos relatam ter visto esses atos com frequência no TikTok, Instagram e X.

Até casos judiciais ligados ao abuso com o objetivo de viralidade foram registrados. Em alguns casos, os responsáveis causam danos deliberadamente apenas após atingirem um número específico de espectadores.

O paradoxo é que, enquanto os humanos reagem com horror, muitos animais não desfrutam de nenhuma proteção legal efetiva. E quando os atos não são puníveis, o espetáculo do sofrimento continua disponível, a apenas um clique de distância.

## Um botão que não pode ser desfeito
O vídeo de Chels – apelidada de “a senhora dos caranguejos fritos” – é apenas um entre muitos. Embora tenha recebido duras críticas, não houve consequências legais. No final, prometeu cozinhar seus caranguejos ao ar livre. Se isso reduz o sofrimento ou apenas melhora a iluminação para gravar, é uma incógnita.

As redes transformaram o matadouro em conteúdo. E enquanto o legal ainda não atinge o ético, a audiência continua assistindo.

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