O caranguejo azul incomoda Punta Lara.

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A aparição de vários exemplares do colorido caranguejo azul (Callinectes sapidus) na costa de Punta Lara despertou alarme entre os moradores locais e pescadores. O fenômeno gerou dúvidas sobre sua origem, seu comportamento e, sobretudo, seu possível impacto no ecossistema do Rio da Prata.

O crustáceo, de grande porte e hábitos agressivos, costuma habitar ambientes marinhos, mas também consegue se adaptar a águas doces, como as desta região costeira. Embora sua presença não seja totalmente nova, a frequência com que aparece atualmente é incomum.

“Sempre esteve nesta área, mas em quantidades muito baixas. Agora é visto com mais frequência, o que gera confusão. Não se trata de uma espécie invasora,” explicou Karine Delevati, bióloga do Instituto de Limnologia (ILPLA-CONICET), em entrevista ao meio 0221.com.ar.

Embora a presença do caranguejo azul não seja nova, o que chama atenção é a frequência com que aparece. Foto: Wikipedia.
Embora a presença do caranguejo azul não seja nova, o que chama atenção é a frequência com que aparece. Foto: Wikipedia.

Um predador vistoso e territorial

O caranguejo azul não passa despercebido: sua aparência exótica e comportamento defensivo costumam assustar quem o encontra na beira-mar ou em redes de pesca. “Ele tem garras em forma de serra, porque é um predador. Usa-as para segurar e destroçar suas presas,” explicou Delevati. “Quando alguém se aproxima, ele levanta as garras como se estivesse zangado, mas é sua reação natural”.

Essa atitude e seu aumento em número levaram a dúvidas sobre sua possível conversão em praga ou ameaça ambiental. No entanto, por enquanto, os especialistas não o consideram um perigo iminente.

Um desequilíbrio ecológico em vista?

Embora sua presença não represente um risco grave, os cientistas permanecem atentos. “Ainda não sabemos se esse aumento na densidade populacional pode alterar o equilíbrio ecológico nos ambientes onde não costumavam ser vistos tantos exemplares,” alertou Delevati.

A pesquisadora indicou que esse aumento poderia estar relacionado a fatores como a mudança climática, que eleva a temperatura da água e favorece a reprodução, ou ao aumento de resíduos orgânicos que enriquecem o ambiente e geram maior disponibilidade alimentar.

“Não temos estudos suficientes na Argentina que expliquem essa expansão nem suas consequências,” lamentou a cientista. “Seria necessário investigar mais profundamente“.

Oportunidade econômica ou risco pesqueiro?

Em países como Estados Unidos e Brasil, o caranguejo azul é considerado uma iguaria e é pescado de forma regulamentada. O aumento de sua população na Argentina levou alguns a questionar se poderia ser explorado comercialmente.

“Algumas pessoas já perguntaram se pode ser vendido, como no Brasil,” disse Delevati. No entanto, alertou que não há estudos nem regulamentações locais para estabelecer uma pesca sustentável. “Se não sabemos como a população se comporta a longo prazo, seria irresponsável explorá-la sem controle,” acrescentou.

No Brasil, por exemplo, existem normas rígidas sobre o tamanho mínimo de captura e períodos de defeso, baseadas em pesquisas científicas. “Na Argentina, infelizmente, não há estudos nem interesse em desenvolver esse tipo de manejo,” concluiu.

Caranguejo azul. Foto: Wikipedia. Caranguejo azul. Foto: Wikipedia.

Como é o caranguejo azul?

O caranguejo azul, também conhecido como siri, é um crustáceo marinho da família Callinectidae, caracterizado por seu casco azul e suas patas adaptadas para nadar. São excelentes nadadores e podem ser territoriais, especialmente os machos.

Principais características

  • Casco: Os machos têm um casco de cor azul brilhante com manchas brancas, enquanto as fêmeas são mais apagadas, com um casco mais arredondado.

  • ​​Patas: Possuem cinco pares de patas, incluindo um par achatado que funciona como remo.

  • Garras: As quelas (garras) dos machos são maiores e mais longas.
  • Tamanho: Podem medir até 20 centímetros de largura.

  • Habitat: São nativos da costa ocidental do Oceano Atlântico, desde Nova Escócia até a Argentina, e ao redor de toda a costa do Golfo do México. Também foram introduzidos em águas japonesas e europeias.

  • Dieta: São carnívoros oportunistas, alimentando-se de moluscos, crustáceos, peixes, carniça e vegetais.

  • Reprodução: Se reproduzem por fecundação interna, e as fêmeas podem armazenar esperma por vários ciclos de postura.
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