O sapo-concho-porto-riquenho (Peltophryne lemur) é a única espécie de sapo autóctone de Porto Rico. Em inglês é conhecido como sapo de crista porto-riquenho (Puerto Rican crested toad) e recebe esse nome pelas cristas ósseas que tem sobre seus grandes olhos dourados.
Também é identificado pelo seu focinho arrebitado e pela pele rugosa, que parece coberta de seixos. Os machos são de cor verde-oliva com almofadas nos polegares, e as fêmeas têm a pele mais rugosa, de cor marrom apagado, e cristas mais proeminentes.
Comportamento e habitat do sapo-concho
O concho é semifossorial, o que significa que às vezes escava ou faz uma toca subterrânea. Entre seus esconderijos ideais estão tocas de caranguejos, esconderijos de aranhas e cavidades de ninhos criados por pequenas aves caribenhas chamadas tódidos.
Também é um escalador habilidoso para o seu tamanho, capaz de escalar quase 45 cm até aberturas em calcários cársticos. Quando precisa se esconder dos predadores, o sapo pode se enfiar em fendas rochosas com menos de cinco centímetros de altura e cinco centímetros de largura.
Conservação e popularidade recente
Em 2025, no lançamento de seu álbum “DeBÍ TiRAR MáS FOToS”, o cantor porto-riquenho e estrela de reggaeton Bad Bunny (Benito Antonio Martínez Ocasio) fez um vídeo co-protagonizado por Concho, um sapo digital, que enaltecia as raízes culturais da ilha.
Em menos de duas semanas, o vídeo já tinha mais de 14 milhões de visualizações, colocando o sapo-concho e sua delicada situação de conservação na boca de muitos.
Dieta e reprodução do sapo de crista
O sapo-concho de Porto Rico é um anfíbio carnívoro que se alimenta de vários aracnídeos e insetos, como formigas, besouros, grilos e aranhas. Os girinos também não são muito exigentes e comem algas, escorpiões mortos e até girinos mortos. Os girinos que sobrevivem até a idade adulta encontram seu habitat ideal nas florestas secas subtropicais de Porto Rico.
Os sapos-conchos porto-riquenhos selvagens só são encontrados na Floresta Estadual de Guánica ou nas suas imediações, no sul da ilha. Embora o sapo viva em altitudes que variam do nível do mar até 50 metros, prefere passar a maior parte do tempo enterrado e sozinho.
O sapo de crista de Porto Rico é solitário por natureza, mas uma vez por ano, vários sapos se reúnem para se reproduzir. A época de reprodução varia anualmente e depende do clima: as chuvas criam poças temporárias rasas, chamadas leks, que são o ambiente ideal para colocar seus ovos.
Uma fêmea de sapo de crista pode colocar até 15.000 ovos, que eclodem em girinos em um dia. No entanto, aproximadamente 99% dos ovos de sapo de crista nunca chegam à idade adulta.
Ameaças e esforços de conservação
Acreditava-se que os sapos de crista porto-riquenhos estavam extintos de 1931 a 1967, quando uma população foi descoberta no norte de Porto Rico. Hoje, a União Internacional para a Conservação da Natureza classifica a espécie como criticamente em perigo. A comunidade científica estima que restem apenas entre 1.000 e 3.000 sapos adultos na natureza.
Entre as ameaças à sua sobrevivência está a competição pelo habitat com os sapos de cana invasores, que também se alimentam de girinos e dos filhotes do sapo-concho porto-riquenho. A longa lista de predadores inclui gatos, caranguejos, cães, garças, lagartos, mangustos e ratos. Os humanos também desempenham um papel importante na sobrevivência do sapo.
A agricultura e o desenvolvimento urbano têm causado o esgotamento e a destruição das poças de reprodução dos leks. Outras ameaças vêm de desastres naturais como furacões e secas, que danificam habitats vitais e impedem os locais de acasalamento.
As iniciativas de conservação incluem programas de reprodução em cativeiro. Em 1984, o sapo de crista tornou-se o primeiro anfíbio a ser incluído no Plano de Sobrevivência de Espécies (SSP) da Associação Americana de Zoológicos. Zoológicos e entidades governamentais continuam colaborando nos esforços de reprodução e reintrodução.
Os parceiros do SSP já criaram com sucesso mais de 300.000 girinos, muitos dos quais são monitorados em tanques artificiais em Porto Rico. Em 2019, nasceu o primeiro sapo de crista por meio de fecundação in vitro.
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