O aquecimento global continua sua escalada. De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), existe 70% de probabilidade de que a temperatura média do planeta ultrapasse os 1,5 °C entre 2025 e 2029, em relação aos níveis pré-industriais.
O alerta se baseia em dados de dez centros climáticos internacionais, que confirmam a tendência ascendente após os recordes térmicos de 2023 e 2024. O Serviço Meteorológico do Reino Unido contribuiu para a elaboração do relatório.
O limite de 1,5 °C foi estabelecido como uma meta otimista no Acordo de Paris de 2015. Superá-lo implica abrir a porta para fenômenos extremos cada vez mais intensos e frequentes, com impactos devastadores sobre pessoas e ecossistemas.
A queima de combustíveis fósseis continua sendo o principal impulsionador desse aumento térmico, enquanto as emissões de CO₂ não diminuíram de forma global e sustentada.
A temperatura média do planeta voltou a aumentar.
Mais perto de um ponto de não retorno climático
O aquecimento atual, estimado entre 1,39 °C e 1,44 °C, é resultado da média das temperaturas entre 2015 e 2034. Especialistas alertam que a barreira dos 2 °C pode ser alcançada antes do previsto se medidas urgentes não forem tomadas.
Embora a probabilidade de ultrapassar os 2 °C nos próximos cinco anos seja baixa (1%), o inesperado já aconteceu: em 2024, pela primeira vez foi ultrapassado o limite dos 1,5 °C em um ano.
Cada décimo de grau adicional intensifica fenômenos como ondas de calor, secas prolongadas, derretimento acelerado de geleiras e chuvas extremas. As consequências já são sentidas em países como China, Emirados Árabes, Paquistão e Canadá.
Neste contexto, cientistas como Friederike Otto alertam que continuar dependendo de petróleo, gás e carvão é “uma completa loucura”. A crise climática não é mais uma possibilidade futura: é uma realidade presente.
O Ártico, a Amazônia e além: um mapa em mudança
A OMM também projeta mudanças regionais significativas. O Ártico continuará aquecendo mais rápido que o restante do planeta, com diminuição do gelo nos mares de Barents, Bering e Ojotsk.
Por outro lado, regiões como o Sahel, norte da Europa, Alasca e norte da Sibéria experimentarão maior umidade. O sul da Ásia também terá mais chuvas do que o usual, o que poderia gerar novos desequilíbrios.
A bacia do Amazonas enfrentará condições mais secas, aumentando o risco de incêndios e perda de biodiversidade. Tudo aponta para um clima mais extremo e errático que desafia a capacidade de adaptação humana e ambiental.
Diante dessa realidade, os cientistas instam a agir rapidamente: abandonar os combustíveis fósseis, investir em energias limpas e reforçar a justiça climática são passos urgentes para evitar consequências irreversíveis.
O Ártico é um exemplo do que acontece com o aumento da temperatura média do planeta.
O custo de continuar aquecendo o planeta
Se a temperatura média do planeta continuar subindo, os eventos climáticos extremos serão cada vez mais frequentes e intensos. Espera-se um aumento em ondas de calor, incêndios florestais, furacões, inundações e secas, afetando tanto áreas urbanas quanto rurais.
O aumento térmico também terá um impacto direto na saúde humana. Doenças respiratórias e cardiovasculares podem se agravar, enquanto a proliferação de vetores como mosquitos aumentará a disseminação de doenças como o dengue, zika ou malária.
Em termos ecológicos, muitas espécies não conseguirão se adaptar às mudanças aceleradas, o que provocará extinções em massa e a ruptura de ecossistemas inteiros. Os oceanos sofrerão maior acidificação e perda de biodiversidade marinha.
Além disso, milhões de pessoas podem ser forçadas a abandonar seus lares devido ao aumento do nível do mar ou à perda de recursos naturais, gerando novas crises humanitárias. O aquecimento global não é apenas um problema ambiental, mas sim um desafio social e econômico global.