Num passo inovador em direção à sustentabilidade, dois jovens argentinos criaram plástico biodegradável a partir de cascas de cítricos.
O material se decompõe completamente em um prazo de 15 a 30 dias após ser enterrado, sem deixar resíduos nocivos.
Valentín Fravoli (23) e Alejandro Unchalo (22), naturais de Tandil, iniciaram este projeto durante seu último ano na Escola Técnica Nº2 “Felipe Senillosa”.
O que começou como uma ideia escolar se transformou em Citricplas, uma empresa dedicada à fabricação de plástico biodegradável a partir de resíduos cítricos.
O processo de produção envolve a coleta de cascas de cítricos, que são posteriormente processadas artesanalmente para obter uma resina. Esta resina é moldada em folhas que se transformam em sacolas biodegradáveis.
Uma vez utilizadas, estas sacolas se decompõem no solo graças à ação de microorganismos, aportando nutrientes ao ecossistema.
Alejandro se apresenta como um empreendedor nato, pois, de acordo com a mídia local, é dono de uma padaria e de um armazém. Valentín, que estuda Diagnóstico e Gestão Ambiental, transformou o galpão de sua casa em um laboratório.
Agora, com o projeto em andamento, ambos sonham em expandir, criar consciência sobre o cuidado com o ambiente e produzir em grande escala.
### Quando e como as sacolas da Citricplas serão utilizadas
Embora inicialmente tenham pensado em produzir sacolas para supermercados, os empreendedores decidiram focar no setor agroindustrial.
O objetivo é oferecer uma alternativa sustentável para o transporte de sementes e outros produtos agrícolas, que no final de seu ciclo de vida se desintegrem sem deixar rastros ambientais.
Citricplas não só representa uma solução ecológica, mas também uma oportunidade para reduzir a dependência de plásticos convencionais na indústria agropecuária.
### O plástico biodegradável existe: a inovação do Japão
Uma invenção semelhante foi conhecida no final de 2024 no Japão. Uma equipe de cientistas criou o que parecia impossível: plástico biodegradável 100%. Trata-se de um material que se decompõe completamente no mar em poucas horas.
Além disso, é tão resistente quanto os convencionais. Os resultados ainda experimentais são publicados na revista Science. Espera-se que ajude a reduzir a nociva contaminação por microplásticos no planeta.
“Com este novo material, criamos uma nova família de plásticos que são fortes, estáveis, recicláveis, podem servir para várias funções e, o mais importante, não geram microplásticos“, resume Takuzo Aida, líder do projeto.
Embora existam plásticos recicláveis e biodegradáveis, o problema persiste em grande parte e, ao longo dos anos, se decompõe em microplásticos nocivos (pedaços de menos de 5 milímetros).
Consequentemente, estes “danificam a vida aquática e chegam à cadeia alimentar, e também ao corpo humano”, lembra um comunicado do Riken.
É que os plásticos biodegradáveis atuais (como o PLA) geralmente acabam no oceano, onde não podem se degradar porque são insolúveis em água.
No novo trabalho, Aida e sua equipe concentraram-se em resolver estas dificuldades com plásticos supramoleculares: polímeros cujas estruturas permanecem unidas por interações reversíveis.
