Talvez quando se ouve falar de cânhamo, pensa-se em têxteis, tijolos, medicina ou alimentação. Mas, na realidade, a planta também se posiciona como um elemento excepcional para a fabricação de veículos do futuro.
Um tema importante, ao qual se destina muita dedicação, é a mobilidade sustentável. Como gerar carros sem contaminar? Uma solução é com cânhamo.
Não é novidade usar esta cultura para a produção de veículos. Henry Ford, em 1941, idealizou o carro que “cresce do solo” com carroçaria e combustível a partir do uso de cânhamo.
O cânhamo, uma surpresa para a mobilidade sustentável
Mas o projeto do fundador de uma das empresas de automóveis mais importantes do mundo nunca prosperou. Inspirado nesta ideia, surgiu um desenvolvimento de Bruce Dietzen, engenheiro estadunidense.
O cânhamo nos carros do futuro.
“O cânhamo é um produto versátil que podemos usar para ter um planeta melhor”, diz Dietzen. Seu projeto nasceu em 2017, depois que ele começou a se preocupar com a contaminação ao meio ambiente. Embora tenha ficado apenas em modelos particulares sem escala.
No entanto, neste 2025, na Semana do Design de Milão, a Kia apresentou não apenas um carro, mas um manifesto para o futuro. O Kia EV2 não é apenas elétrico: é orgânico, sustentável e, literalmente, cresce em seu interior.
Como parte da exposição “Viaje”, a Kia apresenta o interior de seu carro conceito EV2, que não é um elétrico qualquer. Sua cabine é feita de cânhamo, micélio (rede de fungos), fibras de linho e têxteis reciclados.
Com este modelo, a Kia abre um novo capítulo no mundo da mobilidade sustentável, onde não apenas importam as baterias e as emissões, mas também os materiais, o design e o conforto. Dizem da empresa que o interior do carro é inspirado na natureza.
Por fora, o carro tem uma silhueta robusta mas futurista. O Kia EV2 é mais do que um carro elétrico todo-o-terreno. É um manifesto de mobilidade moderna, sustentável e de design aperfeiçoado.
O caso Volkswagen
Seguindo esta linha, a Volkswagen apresenta um material inovador e sustentável para os interiores dos carros do futuro: pele de cânhamo industrial.
O objetivo da marca alemã é pesquisar e desenvolver materiais sustentáveis baseados no cânhamo industrial. Eles poderiam ser usados como material sustentável nos modelos da Volkswagen a partir de 2028.
Os carros do futuro, com cânhamo.
O material fabricado a partir de cânhamo 100% biológico utiliza resíduos da indústria regional do cânhamo. “Estamos muito abertos a novas ideias de muitos setores diferentes.”
No Desenvolvimento Técnico, focamos especialmente em soluções inovadoras, criativas e sustentáveis para o desenvolvimento integral de veículos que economizem recursos”, comentam da empresa.
“O uso sustentável dos recursos é um pilar chave de nossa estratégia. Nosso objetivo claro é fundir os desejos dos clientes, os requisitos de sustentabilidade e os interesses corporativos”, acrescentaram os responsáveis da marca de automóveis.
Alternativa de couro 100% biológico proveniente do cânhamo industrial. Este material fabricado a partir do cânhamo cultivado para a indústria alimentar é um material monolayer totalmente natural e 100% biológico chamado LOVRTM (as letras significam sem couro, sem óleo, vegano e baseado em resíduos) que está sendo desenvolvido especificamente pensando na indústria automobilística.
As fibras de cânhamo e um adesivo totalmente biológico são combinados por meio de uma tecnologia especial e processados para se tornarem um material de superfície.
Este material verdadeiramente circular provém de campos de cânhamo regionais e é totalmente reciclável e/ou compostável uma vez que tenha chegado ao final da vida útil do automóvel.
Então, em conclusão, prevê-se um futuro com o uso inegável do cultivo de cânhamo. Esperemos que neste presente sejam criadas as condições necessárias para que esta planta possa ser utilizada para um futuro que está ao virar da esquina.
Fonte: Germán Pereira- Recetas Cañameras