Crise hídrica global: impacto ambiental na agricultura e exportações agrava escassez de água.

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A crise hídrica global, devido à sobreexploração da água em culturas de alto consumo e na indústria pecuária, aprofunda conflitos no Egito, EUA e Índia, enquanto comunidades indígenas e pequenos agricultores enfrentam as consequências.

70% da água doce mundial é destinada à agricultura, principalmente em culturas como alfafa, arroz e produtos de exportação, agravando a escassez em regiões como o delta do Nilo, o vale Imperial da Califórnia e o rio Caberí na Índia.

A combinação de mudanças climáticas, técnicas de irrigação obsoletas e políticas de exploração industrial transformou a água em um recurso estratégico e conflituoso, afetando milhões de pessoas e ecossistemas.

O Delta do Nilo: Agricultura diante da crise hídrica global

No Egito, 55% da população vive no delta do Nilo, onde a agricultura depende de um sistema de canais com 5.000 anos. No entanto, projetos governamentais de modernização, como o revestimento de canais para evitar perdas, aumentaram a salinização do solo e reduziram o lençol freático.

Nadia A. Fat, jornalista egípcia independente, denuncia que “praticamente exportamos água” através de produtos como batatas e morangos, cujo cultivo consome até 420 litros por quilo. Enquanto isso, o país enfrenta uma paradoxo: é o quinto exportador global de batata, mas importa trigo para alimentar sua população.

Água para irrigação

EUA: Alfafa no Deserto e a Água do Colorado

Na Califórnia, o vale Imperial —uma região desértica— produz 50% da alfafa mundial, destinada a alimentar o gado. O rio Colorado, que abastece sete estados e o México, está à beira do colapso: seu volume diminui ano após ano devido a barragens e cultivos intensivos.

Trevor Tag, agricultor local, defende a irrigação por inundação —herdada de métodos ancestrais—, embora reconheça que 80% da água do Colorado se evapora no processo. Jennifer Stoykovich, ativista ambiental, alerta: “Um quilo de carne bovina requer 15.000 litros de água, mas continuamos externalizando os custos ambientais, diante da crise hídrica global”.

Índia: Entre Conflitos pela Água e Soluções Ancestrais

Em Tamilnado, na Índia, 60% da água do rio Caberí é usada para irrigar arroz, cultura que consome 3.000 litros por quilo. O conflito entre estados pelo controle da água gerou violência por décadas. Diante disso, a ambientalista Vandana Shiva promove bancos de sementes com variedades de arroz que consomem menos água e técnicas de agricultura orgânica.

Por outro lado, o ativista Rajendra Singh recuperou sete rios secos em Rajasthan através da construção de mais de 8.000 barragens tradicionais, demonstrando que “a ciência simples pode restaurar ciclos naturais“.

Espanha: Alfafa para o Mundo e Reservatórios Vazios

O vale do Ebro, em Aragão, é o maior produtor europeu de alfafa, com exportações para a China e Emirados Árabes. No entanto, o rio registrou em 2023 seu nível mais baixo em um século.

Ricardo Alió, engenheiro espanhol, alerta que os sistemas de irrigação modernos, embora eficientes, expandem a superfície cultivada e aumentam o consumo total de água.

Enquanto isso, empresas como Aldara (Emirados Árabes) extraem milhares de litros para suas plantações, agravando a tensão hídrica em uma região onde 40% da água é destinada a forragens.

Soluções Frágeis e Resistência Comunitária

Na França, a demolição de barragens no rio Céleune permitiu o retorno de espécies migratórias como o salmão, revitalizando ecossistemas. “A natureza se recupera rapidamente se lhe dermos espaço”, afirma Roberto Epple, fundador da Rede Europeia de Rios.

No Egito, a crise hídrica global com projetos de irrigação por gotejamento em oásis utilizam águas fósseis não renováveis, mas sua exploração por empresas estrangeiras —com apoio militar— coloca em risco o futuro das comunidades locais.

A paradoxo é clara: enquanto o agronegócio exporta água virtual na forma de cultivos, milhões enfrentam sede e terras estéreis. A restauração de ciclos naturais

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