Pela primeira vez, China conseguiu reduzir as emissões de carbono em um contexto de crescimento da demanda elétrica. Esta diminuição, registrada no primeiro trimestre de 2025, é atribuída ao notável avanço em energias renováveis como a solar e a eólica, conforme revelou um relatório do Centro de Pesquisa sobre Energia e Ar Limpo (CREA).
O país asiático, maior emissor mundial de gases de efeito estufa, investiu nos últimos anos em grande escala em fontes limpas de energia, em linha com seu compromisso de atingir o pico de emissões antes de 2030 e a neutralidade de carbono em 2060.
Graças a esses investimentos, as emissões de CO₂ caíram 1,6% em termos anuais entre janeiro e março de 2025, apesar do aumento de 2,5% na demanda elétrica no mesmo período. Esse comportamento marca uma diferença em relação a reduções anteriores, que eram resultado de quedas conjunturais da atividade, como ocorreu durante os confinamentos pela pandemia.
Segundo o CREA, o crescimento da produção de eletricidade limpa superou pela primeira vez o aumento da demanda, o que permitiu reduzir o uso de combustíveis fósseis e suas consequentes emissões poluentes.
China conseguiu reduzir as emissões de carbono.
China reduz emissões mas ainda depende do carvão
Apesar do progresso significativo, o relatório adverte que a China ainda enfrenta desafios importantes. Um deles é a alta participação do carvão em sua matriz energética, com 94,5 gigawatts de novas usinas construídas em 2024, o que representa 93% do total mundial. Além disso, o país ainda está longe de cumprir sua meta de reduzir em 65% a intensidade de carbono até 2030 em relação a 2005.
Neste contexto, o presidente Xi Jinping ratificou recentemente que os esforços climáticos do país “não serão desacelerados” e adiantou que antes da COP30, no Brasil, a China anunciará novos compromissos climáticos até 2035, que incluirão todos os gases de efeito estufa.
A direção que a China tomará nos próximos anos será decisiva para o clima global. Apesar das contradições internas persistirem, seu liderança em energia limpa marca um passo firme na luta contra a mudança climática.
captura de carbono
As medidas com as quais a China reduziu as emissões de carbono
Apesar do aumento constante da demanda energética, a China implementou uma série de medidas estratégicas que permitiram reduzir suas emissões de dióxido de carbono no primeiro trimestre de 2025. Essas ações combinam investimentos maciços em energias limpas com políticas de eficiência energética e transformação industrial.
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Expansão acelerada de energias renováveis
A China lidera globalmente a instalação de energias limpas. Nos últimos anos, dobrou a capacidade solar e eólica em comparação com o total do resto do mundo. Esse crescimento massivo permite suprir mais demanda elétrica sem recorrer ao uso de combustíveis fósseis. Muitas dessas novas instalações estão localizadas próximas a grandes centros industriais, reduzindo também as perdas no transporte de energia.
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Modernização da rede elétrica
O país desenvolveu uma rede elétrica inteligente com capacidade para integrar grandes volumes de energia renovável variável. Através do uso de inteligência artificial e sistemas de armazenamento energético, a rede pode se adaptar melhor às mudanças de geração e demanda, diminuindo a necessidade de usinas térmicas de reserva.
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Restrições ao consumo de carvão em certas regiões
Embora o carvão ainda seja dominante, a China restringe seu uso em áreas urbanas e industrializadas, obrigando muitas empresas a migrar para fontes mais limpas. Algumas províncias também fecharam usinas elétricas de baixa eficiência e alto nível de poluição.
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Incentivos para eficiência energética industrial
A indústria pesada — como a do aço e do cimento — recebeu novas regulamentações para reduzir sua intensidade energética. Isso inclui desde melhorias tecnológicas até o uso obrigatório de sistemas de reciclagem de calor, monitoramento digital e processos menos poluentes.
- Transporte elétrico e urbano mais limpo
A China promoveu de forma agressiva o uso de veículos elétricos e transporte público não poluente. As principais cidades renovaram suas frotas de ônibus e táxis com modelos elétricos ou híbridos, ao mesmo tempo em que instalaram milhões de carregadores elétricos.
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Mercado nacional de carbono
A implementação do sistema nacional de comércio de permissões de emissão (ETS, na sigla em inglês) começou a ter efeito no comportamento empresarial. As empresas que ultrapassam seus limites de emissão devem comprar licenças, o que incentiva a adoção de tecnologias limpas para reduzir custos a longo prazo.
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Investimento em captura e armazenamento de carbono (CAC)
Embora ainda em estágio inicial, a China começou a desenvolver projetos