O criador da bem-sucedida série The White Lotus, Mike White, ligou para o governo da Tailândia para acabar com a exploração e maus-tratos aos macacos na indústria do coco. Através de uma carta endereçada à primeira-ministra Paetongtarn Shinawatra, White expressou sua preocupação com o tratamento cruel desses animais, com base em informações fornecidas pela organização de direitos dos animais PETA.
Enquanto filmava a terceira temporada da série na ilha tailandesa de Ko Samui, White descobriu que os filhotes de macacos de cauda de porco, uma espécie ameaçada de extinção, eram separados de suas mães e submetidos a condições desumanas. Mas não era só isso, pois ele ficou sabendo que esses animais passavam anos acorrentados, sendo obrigados a colher cocos em um ambiente de confinamento extremo, o que gerava altos níveis de angústia e sofrimento.
Imagens obtidas pela PETA mostram os macacos acorrentados com cordas curtas em áreas sem abrigo adequado, expostos a condições climáticas adversas e privados de qualquer tipo de enriquecimento ou interação social. Alguns desses animais apresentam feridas na pele devido ao contato constante com gaiolas metálicas, enquanto outros mostram sinais de angústia ao se moverem compulsivamente em espaços reduzidos.
White descreveu a situação como um abuso extremo: “Esses filhotes de macacos são separados de suas mães, privados de tudo o que é natural para eles e ‘quebrados’ para se tornarem máquinas coletoras de cocos pelo resto de suas vidas. As imagens obtidas nessas ‘escolas’ de treinamento mostram filhotes traumatizados, aterrorizados e completamenteindefesos”.
Escolas de colheita: um engano para os turistas
Além de submetê-los a trabalhos forçados, os supostos treinadores utilizam essas “escolas” como atração turística. O site oficial do governo tailandês promove esses lugares como centros de demonstração, onde visitantes desavisados podem ver os macacos realizando tarefas que na verdade aprenderam em condições de abuso extremo.
Elisa Allen, vice-presidente da PETA Reino Unido, instou o governo tailandês a fechar esses estabelecimentos: “Essas escolas de treinamento são verdadeiros poços de desespero. Os macacos são arrancados de suas mães, acorrentados e explorados até perderem a razão”. A PETA pediu aos consumidores que rejeitem produtos de coco provenientes da Tailândia e optem por aqueles de países onde não se utiliza mão de obra animal, como Índia, Filipinas e Sri Lanka.
O impacto dessa denúncia gerou uma crescente indignação entre grupos ambientalistas e a comunidade vegana, que exigem das autoridades tailandesas a implementação de métodos de colheita mais humanos, onde não haja lugar para maus-tratos aos macacos. Enquanto as demandas por justiça crescem, a indústria do coco e o turismo na Tailândia estão sob escrutínio, com apelos urgentes para garantir a proteção desses animais vulneráveis.
Um maltrato que vem de anos
Anos atrás, a indústria dedicada à fabricação de leite de coco afirmou que não mais utilizava mão de obra de macaco para essa tarefa. No entanto, após várias investigações, descobriu-se que isso era uma mentira, já que continuavam capturando e maltratando os macacos para colher cocos.
Mas o mais preocupante era a forma como os mantinham, pois além de acorrentá-los, arrancavam seus dentes para que não machucassem os treinadores ao tentar se defender, sem mencionar os golpes que esses animais recebiam durante seu treinamento.