O aquecimento global não apenas derrete geleiras e altera climas: também está silenciosamente minando a biodiversidade global. Esse fenômeno se tornou uma das cinco maiores pressões sobre a vida selvagem, juntamente com a perda de habitats, a superexploração, a contaminação e as espécies invasoras.
A biodiversidade está enfrentando uma tempestade perfeita. A mudança climática agrava as ameaças existentes, forçando muitas espécies a se adaptarem em tempo recorde ou enfrentarem a extinção. As estratégias de conservação devem ser atualizadas para integrar respostas urgentes ao novo cenário climático.
É crucial encontrar sinergias entre as políticas de conservação e as de mitigação climática. Iniciativas que vinculem o uso sustentável da biodiversidade com medidas de adaptação podem fazer a diferença na luta pela preservação dos ecossistemas do planeta.
O impacto não é apenas ambiental, mas também ecológico e social. A perda de espécies e funções ecológicas ameaça o equilíbrio dos ecossistemas, afetando serviços essenciais como a polinização, o ciclo da água ou a regulação do clima.
O aquecimento é a terceira causa de perda de biodiversidade em nível global.
A biodiversidade global em risco crescente
Um estudo recente analisou mais de 70.000 espécies animais e revelou que pelo menos um quarto delas está ameaçada pela mudança climática. Invertebrados marinhos, em especial, enfrentam riscos extremos devido à sua sensibilidade e mobilidade limitada diante de condições adversas.
Ondas de calor, incêndios, secas e inundações geram mortandades em massa que alteram completamente as cadeias tróficas. Isso desestabiliza os ciclos do carbono e dos nutrientes, pilares do funcionamento dos ecossistemas naturais.
Casos recentes como o desaparecimento de 10 bilhões de caranguejos da neve no Mar de Bering ou a morte de milhões de meros e bacalhaus no Pacífico ilustram como a mudança climática já está modificando a vida marinha em grande escala.
No entanto, o conhecimento ainda é insuficiente. Enquanto quase três quartos dos vertebrados foram avaliados, apenas 1,6% dos invertebrados — que representam a maioria da fauna — foram considerados. Esse vácuo ameaça invisibilizar uma crise global em expansão.
Anfíbios, os outros ameaçados pela mudança climática.
Espécies mais ameaçadas pela mudança climática
A mudança climática impacta de forma desigual a fauna mundial, e algumas espécies são especialmente vulneráveis por sua biologia, habitat ou limitada capacidade de adaptação. Entre as mais ameaçadas estão os corais, sensíveis ao aumento da temperatura da água e à acidificação dos oceanos.
Os anfíbios, como rãs e salamandras, também estão em risco, pois dependem de habitats úmidos que são afetados por secas e mudanças nos padrões de precipitação. Sua pele permeável os torna especialmente sensíveis às alterações climáticas.
Espécies polares como o urso polar e a raposa ártica enfrentam a perda acelerada de gelo marinho, essencial para caçar e se reproduzir. Sua sobrevivência está intimamente ligada ao equilíbrio de ecossistemas que estão desaparecendo rapidamente.
Também estão em perigo espécies que habitam regiões montanhosas ou ilhas, como o leopardo-das-neves ou certos tipos de aves endêmicas, que não podem migrar para climas mais adequados devido a seu isolamento geográfico.