Um grupo de cientistas declarou em meio a uma comoção a primeira extinção de uma ave europeia. É uma espécie que habitava o continente e a região do Mediterrâneo.
Trata-se do zarapito de pico fino, uma espécie de ave migratória costeira que se reproduzia na Sibéria ocidental e passava os invernos no Mediterrâneo. Até agora, conforme relatado, seria a primeira espécie de ave conhecida a se extinguir na região, juntamente com o norte da África e Ásia ocidental.
Extinção de uma ave europeia: o relatório
Na segunda-feira, cientistas da RSPB, BirdLife International, do Centro de Biodiversidade Naturalis dos Países Baixos e do Museu de História Natural publicaram uma análise detalhada sobre o estado de conservação dessa ave.
O zarapito de pico fino.
Os pesquisadores determinaram que a última observação confirmada do zarapito de pico fino ocorreu em fevereiro de 1995 em Marrocos e concluem que a espécie está extinta globalmente.
No entanto, o zarapito de pico fino ainda não foi incluído na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), órgão responsável por declarar oficialmente as espécies extintas.
Os grupos conservacionistas afirmaram que os esforços realizados durante décadas para encontrar evidências da presença da ave em sua área de reprodução e migração fracassaram.
Para realizar o estudo, publicado na revista IBIS, os pesquisadores utilizaram uma análise estatística das ameaças enfrentadas pela espécie. Além disso, incluíram uma base de dados de registros que incluía espécimes de museu e avistamentos.
De acordo com as descobertas, foi determinado que havia 99,6% de probabilidades de que a ave já não existisse e tivesse se extinguido na época do último registro, há duas décadas.
“Notícia devastadora”
Nicola Crockford, responsável por políticas da RSPB, classificou a notícia como uma das mais devastadoras na conservação da natureza em um século. “Chega ao coração”, expressou.
Também explicou que essa extinção reflete um fracasso coletivo, especialmente em países ricos. “Como podemos pedir a outros países que protejam suas espécies se nós, com mais recursos, falhámos?”, acrescentou.
A extinção do zarapito de pico fino.
Para Crockford, essa perda representa um golpe devastador. “A extinção não tem volta”, afirmou. Além disso, destacou que isso ressalta a urgência de proteger o zarapito euroasiático, a aguja colinegra e outras aves costeiras migratórias em perigo, para evitar que corram o mesmo destino que o zarapito de pico fino.
Graeme Buchanan, responsável científico de conservação internacional da RSPB, explicou que declarar extinta uma espécie é um processo que não se toma de ânimo leve. “Antes de declarar uma espécie extinta em sua lista vermelha, a UICN requer uma avaliação abrangente de sua situação”, afirmou.
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