Estreito de Magalhães: como o vento afeta a salinidade do rio São João

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Localizado na península de Brunswick, na Região de Magalhães, o rio San Juan de la Posesión é um dos principais afluentes do Estreito de Magalhães. Sua foz, em Punta Santa Ana, foi o foco de um estudo que desafia as expectativas sobre a relação entre o fluxo dos rios e a salinidade da água.

Desde 2018, cientistas do Centro de Pesquisa em Dinâmica de Ecossistemas Marinhos de Altas Latitudes (IDEAL) da Universidade Austral do Chile (UACh) monitoram a área com uma estação oceanográfica instalada na foz do rio. Atualmente, um recente artigo publicado na revista Regional Studies in Marine Science revelou descobertas inesperadas sobre a dinâmica da água na região.

Estreito de Magalhães. Foto: Wikipedia.
Estreito de Magalhães. Foto: Wikipedia.

O vento, um fator chave na salinidade da água

O estudo, liderado pelo Dr. José Garcés-Vargas e pelo biólogo marinho Vicente Aravena, descobriu que o fluxo do rio San Juan não tem uma relação direta com a redução da salinidade, algo que contradiz a teoria comum.

“Esperaríamos que um maior fluxo do rio, por ser água doce, reduzisse a salinidade na região, mas surpreendentemente isso não ocorreu”, explicou o Dr. Garcés-Vargas.

Os pesquisadores determinaram que o vento desempenha um papel crucial nesse processo. Dependendo de sua direção, pode expandir ou contrair a pluma de água doce, afetando assim a salinidade da coluna de água. Além disso, observou-se que as maiores mudanças de salinidade ocorrem nos primeiros cinco metros de profundidade, enquanto em camadas mais profundas, a variação é mínima.

Outra descoberta importante é que a água sub-superficial na região vem do Oceano Pacífico, o que contribui para manter uma relativa estabilidade nas condições de salinidade.

Impacto na biodiversidade e mudanças climáticas

As mudanças na estrutura da coluna de água afetam diretamente os organismos marinhos do Estreito de Magalhães e a salinidade do rio San Juan de la Posesión. “Quando a água está estratificada, são criadas barreiras que podem dificultar o deslocamento de algumas espécies”, explicou Garcés-Vargas.

Muitos organismos dependem de faixas específicas de temperatura e salinidade para sobreviver. Se esses parâmetros forem modificados, algumas espécies podem não se adaptar, levando a uma redução em suas populações.

O estudo também alerta sobre o impacto das mudanças climáticas, que podem alterar ainda mais a dinâmica do rio San Juan. O aumento dos ventos e do degelo afetariam a estrutura da água, com consequências diretas para os ecossistemas marinhos e as comunidades que deles dependem.

Dado que a área foi solicitada como Espaço Costeiro Marinho dos Povos Originários (ECMPO) pela comunidade indígena Kawésqar Grupos Familiares Nômades do Mar e a Comunidade Indígena Atap, pesquisas como essa são fundamentais para sua preservação.

“Esses estudos permitem compreender melhor a importância da área, não apenas do ponto de vista científico e de conservação, mas também para os povos originários que dependem de seus recursos marinhos”, concluiu Aravena.

Costas do Estreito de Magalhães. Foto: Wikipedia.
Costas do Estreito de Magalhães. Foto: Wikipedia.

Características do rio San Juan de la Posesión

O rio San Juan de la Posesión é o rio mais importante da península de Brunswick na Região de Magalhães. Nasce no centro da península e desemboca no Estreito de Magalhães. 

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