Patagônia em degelo: glaciares em risco extremo

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A este ritmo, os glaciares da Patagônia podem desaparecer completamente nos próximos 250 anos. Isso é o que adverte um estudo recente publicado em Nature Communications, que relaciona o acelerado retrocesso dos glaciares com mudanças profundas na circulação atmosférica global.

Nas últimas duas décadas, os satélites registraram uma perda constante de massa nos glaciares da Patagônia, que atualmente contribuem com cerca de 0,07 mm anuais para o aumento do nível do mar. Embora esse número pareça pequeno, sua acumulação e aceleração progressiva representam uma ameaça global concreta.

A causa principal: o deslocamento para os polos dos sistemas de alta pressão subtropicais, um fenômeno impulsionado pelo aquecimento global que leva ar quente para a região, intensificando o derretimento.

Localizada nos Andes meridionais, a Patagônia abriga a segunda maior extensão de gelo do hemisfério sul, sendo superada apenas pela Antártida. Graças à sua geografia, recebe até 15 metros de neve por ano, principalmente em seu flanco ocidental, o que historicamente mantinha seus glaciares em equilíbrio.

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Patagônia argentina. 

Ar mais quente, gelo menos resistente

Esse equilíbrio foi quebrado. Os glaciares, muitos dos quais chegam ao nível do mar, agora enfrentam verões cada vez mais quentes que aceleram o derretimento. A água resultante flui diretamente para o oceano, elevando lentamente seu nível.

Desde 1940, a região perdeu mais de 25% de seu volume de gelo, o que já elevou o nível do mar global em 3,7 milímetros. Essa mudança não apenas transforma a paisagem patagônica, mas também afeta as comunidades que dependem da água do degelo.

Uma equipe de pesquisadores de universidades da Bélgica e dos Países Baixos refinou um modelo climático regional para estimar com precisão o balanço de massa glacial. Utilizando uma resolução de 500 metros —dez vezes mais precisa que modelos anteriores— conseguiram capturar as línguas glaciares mais estreitas e seu escoamento acelerado.

Escorrimento em aumento, nevadas estáveis

Contrariamente ao que se poderia supor, as nevadas não diminuíram desde meados do século passado. O que aumentou foi o escoamento superficial: mais gelo derrete e flui para o mar.

Esse fenômeno é agravado pelo degelo do firn, uma camada de neve porosa que, ao desaparecer, deixa exposto gelo nu mais escuro. Este absorve mais radiação solar, amplificando o derretimento em um ciclo perigoso.

Além disso, o estudo identifica um padrão climático de fundo: o avanço dos sistemas de alta pressão subtropicais para o sul, fenômeno associado ao aquecimento global, que canaliza ainda mais ar quente para a Patagônia.

Impactos globais e locais

Se a desaparição total dos glaciares da Patagônia se concretizar, o nível do mar poderá subir um centímetro a mais. Isso afetaria não apenas regiões costeiras distantes, mas também as populações andinas que dependem da água do degelo para consumo, irrigação e energia.

O futuro da Patagônia glacial está em jogo. E com ele, o equilíbrio climático de uma região chave para a biodiversidade e os ecossistemas do hemisfério sul.

Degelo preocupante: os glaciares estão perdendo 273 bilhões de toneladas por ano

Um estudo recente que analisou os glaciares identificou dados preocupantes sobre o degelo. Desde 2000, o nível do mar aumentou 1,8 cm, e os glaciares são o segundo maior contribuinte para isso.

Nesse sentido, essas reservas de gelo estão desaparecendo mais rapidamente do que qualquer outro lugar do planeta.

Nos últimos 25 anos, os glaciares perderam 18% mais gelo do que a camada de gelo da Groenlândia e mais do que o dobro da quantidade perdida na Antártida.

Fonte: INVDES.

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