Em Masaka, Uganda, Josephine Nabbanga lidera o crescimento de sua criação de grilos, uma fonte chave de proteínas para humanos e animais.
Assim como muitos pequenos agricultores, costumava depender de alimento comercial para aves, uma opção cara e pouco confiável.
A situação mudou com a chegada de um novo alimento formulado localmente por pesquisadores da Universidade Cristã de Uganda (UCU), criado a partir de resíduos alimentares domésticos.
Um alimento mais eficiente e econômico
A fórmula, projetada especificamente para a criação de grilos, mostrou ser:
- Mais acessível, reduzindo custos de produção.
- Mais eficiente, melhorando o desenvolvimento dos insetos.
“Estamos economizando muito dinheiro com essa mudança e queremos aplicá-la também na criação de porcos”, explicou Nabbanga.
Transformação do problema em solução
O custo elevado do alimento tradicional tem limitado o crescimento da indústria de insetos em Uganda.
Para resolver isso, uma equipe liderada pelo professor Geoffrey Ssepuuya lançou em 2023 um projeto para desenvolver alimento de baixo custo e alto teor proteico, a partir de resíduos de comida.
“Estamos usando um problema para resolver outro: os resíduos e a necessidade de alimentação”, destacou Ssepuuya.
Financiamento e processo de produção
O projeto recebeu:
- US$29.473 em sua fase inicial para desenvolver a fórmula.
- US$63.750 em uma segunda etapa para construir uma fábrica de produção de grilos e organizar um sistema de coleta de resíduos.
Os restos de comida, como casca de banana e arroz, passam por:
- Tratamento térmico e secagem.
- Moagem e conversão em pó.
- Mistura e preparação do alimento.
Este método acelera a maturação dos grilos para oito semanas, reduzindo o tempo em relação às 12 semanas dos métodos tradicionais.
Impacto ambiental e econômico
Segundo a Autoridade da Cidade Capital de Kampala (KCCA), apenas 45% dos resíduos sólidos urbanos são coletados, com grandes quantidades obstruindo drenagens e contaminando o ambiente.
O novo alimento poderia usar até três toneladas de resíduos alimentares por dia, reduzindo a poluição e fornecendo uma opção mais limpa e sustentável.
“Ao contrário dos matadouros, a criação de grilos não gera resíduos contaminantes”, enfatizou Ssepuuya.
Um modelo de economia circular
Além de seus benefícios ambientais, o projeto tem o potencial de:
- Aumentar a renda dos agricultores, permitindo-lhes vender grilos adultos e ovos.
- Transformar restaurantes e mercados em fornecedores de resíduos, fechando o ciclo de produção.
A equipe está trabalhando na certificação do Escritório Nacional de Normas de Uganda, um passo fundamental para seu lançamento comercial em larga escala.
Por: John Musenze/Scidev.net