Um professor e engenheiro chileno transforma vegetação invasora como o Chacay, uma agressiva planta invasora que alimenta incêndios florestais, em substratos agrícolas e repelentes naturais.
Rodrigo Navarro, criador de Rume Chacay, desenvolve soluções sustentáveis para controlar essa vegetação invasora da Europa, que se espalha de Valparaíso até Chiloé, deslocando florestas nativas. Sua inovação, apoiada pela CORFO, combate um problema ambiental crítico enquanto gera produtos compostáveis.
A ameaça da vegetação invasora do Chacay no sul do Chile
O Ulex europaeus (Chacay ou espinilho), espalhado entre Valparaíso e Chiloé, substituiu florestas nativas e aumentou o risco de incêndios. Navarro explica: “As sementes podem permanecer 30 anos no solo e germinam mais após os incêndios”. Esta leguminosa, introduzida da Europa, prospera a 18°C e seu manejo é complexo devido à sua alta resistência e rápida propagação.
De problema a oportunidade: a inovação do Rume Chacay
Navarro extrai mecanicamente apenas a parte lenhosa do Chacay – evitando seu rebrote – e a processa por meio de trituramento. Sua empresa oferece dois produtos-chave:
- Mapuchacay: substrato que mantém a umidade, inibe ervas daninhas e repele caracóis graças à sua alta condutividade elétrica.
- Cuyin Chacay: desparasitante natural para animais de estimação. Ambos são 100% compostáveis e liberam nutrientes como potássio e nitrogênio ao se decompor.
Restauração florestal: a chave para o controle definitivo
Navarro enfatiza que a extração deve ser acompanhada de reflorestamento com espécies nativas: “O Chacay precisa de muita luz; árvores como coihue ou canelo geram sombra que o impede”. Ele critica as queimadas tradicionais: “Deixam terreno livre para que germine novamente“. Seu método propõe criar “cercas florestais” imediatamente após a erradicação.
Impacto ambiental e vantagens em relação às alternativas
Diferentemente do pompom – usado como substrato, mas vital para ecossistemas – o Chacay carece de benefícios ecológicos. Navarro destaca: “Extrair recupera biodiversidade e reduz incêndios”. Ele colabora com a Universidade Católica de Temuco para validar que seu processamento elimina risco de propagação, usando material com menos de 15% de umidade.
Como participar da iniciativa
Os produtos são distribuídos por todo Chile. Navarro convida a participar do reflorestamento entre maio e novembro: “Incluímos espécies nativas de rápido crescimento. É transformar um problema em oportunidade”. O projeto representa um modelo de economia circular desde o sul do país.
Esta inovação demonstra como soluções locais podem abordar crises ambientais globais, transformando vegetação invasora em recursos para a agricultura sustentável.