Durante as Semanas do Clima no Panamá, o governo local está sendo criticado por suas contradições ambientais. Mais de 50 organizações da América Latina e do Caribe denunciaram que o governo de José Raúl Mulino está avaliando a exploração de hidrocarbonetos no mar do Caribe, dias antes do início do evento.
O secretário de Energia, Juan Manuel Urriola, expôs a possível extração de petróleo e gás em alto mar, ao norte de Colón, durante uma conferência no Texas, EUA, sem um anúncio formal em plataformas governamentais.
“Não encontramos informação oficial, apenas uma ausência preocupante”, apontou Lilian González Guevara, diretora do Centro de Incidência Ambiental do Panamá (CIAM) em comunicado.
Críticas por incoerência nas políticas de conservação
Os ambientalistas alertaram para a contradição governamental, visto que o Panamá também ampliou áreas de proteção marinha, como o Parque Nacional San San Pond Sak.
Da União dos Pescadores Artesanais de Bocas del Toro, sua presidente Marta Machazek denunciou a falta de consulta popular, apontando que o projeto afetaria os direitos das comunidades costeiras.
Resposta oficial e antecedentes
A Secretaria Nacional de Energia esclareceu que a análise é técnica e baseada em estudos sísmicos anteriores (2017-2018), sem novas explorações.
Sobre a possível consultoria da Ecopetrol, negou a existência de convênios formais, assegurando que futuros avanços serão realizados com transparência e participação popular.
O Caribe diante da tentação da exploração de hidrocarbonetos
Especialistas alertam que a intenção panamenha se soma a outros países como Guyana, Suriname e República Dominicana, que têm explorado hidrocarbonetos marítimos.
“Nem tudo se mede em termos de PIB. Na Guiana, já há relatos de gentrificação e impactos trabalhistas”, alertou Carolina Sánchez, da Rede do Grande Caribe Livre de Fósseis.