Relatório científico valida pedidos de remoção do muro de contenção construído em áreas úmidas do rio da Prata.

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A controvérsia sobre a instalação de um muro na costa de Hudson foi, durante a última década, um dos casos emblemáticos na defesa dos humedais costeiros do sul da Grande Buenos Aires. Uma recente pesquisa científica valida as reivindicações da população para erradicar essa construção.

O relatório em questão tem o título “Planície costeira bonaerense do Rio da Prata – Proposta para a análise da dimensão biofísica territorial” e foi elaborado pela UIDET Gestão Ambiental da Universidade Nacional de La Plata a pedido do Ministério do Meio Ambiente da província de Buenos Aires. Para este estudo, foi realizado um levantamento da costa, desde Avellaneda até Berisso, identificando os riscos da ação humana para a biodiversidade.

Em relação ao muro erguido na costa de Hudson (Berazategui), o relatório propõe “avaliar a possibilidade de remover e restaurar ao seu estado natural” esse setor. O texto destaca que o aterramento costeiro “obstrui a comunicação do rio com os humedais, causando a dessecação dos mesmos e a consequente diminuição da cobertura vegetal“.

Os humedais da costa de Berazategui estão afetados pela perda de conectividade com o rio. Foto: Foro Río de La Plata

Muro que afeta humedais e bosques

Ernesto Salgado, representante do Fórum em Defesa do Rio da Prata, considera que este estudo apoia suas lutas em defesa da biodiversidade. “A ciência nos deu razão”, diz.

Em 2008, na localidade de Hudson, iniciou-se a construção de uma rua de acesso ao rio. Para Salgado, ali começou uma rápida mudança na paisagem da zona ribeirinha. “Muitos bairros privados foram construídos. Precisamente, o muro foi criado para proteger esses bairros de inundações”, relata.

Esta estrutura de seis metros de altura (3 acima da terra e 3 abaixo) foi observada pelos moradores e ambientalistas por cortar o fluxo de água do rio com os humedais e a mata ciliar. “A mata ribeirinha está acostumada a se banhar na água doce, caso contrário, acabará secando progressivamente”, aponta Salgado.

Há dez anos, o fórum impulsionou um recurso de amparo para deter essas ações que modificam o ecossistema. A Justiça concedeu a medida cautelar, paralisando a construção do trecho final do muro.

Desde então, o processo judicial está parado. Embora essa decisão não tenha implicado na demolição do quilômetro construído do muro, que na prática funciona para os fins para os quais foi feito. “Vamos incluir este estudo da Universidade de La Plata no processo judicial“, diz Salgado.

Nas últimas duas décadas, a prefeitura de Berazategui tem promovido a atividade humana na zona ribeirinha, que abriga bosques ciliares e humedais. Foto: Foro Río de La Plata.

Corredor biológico ameaçado

A problemática dos humedais no sul da Grande Buenos Aires continua presente, uma vez que continuam sendo anunciados novos projetos imobiliários. “Toda essa área é um corredor de aves, onde mais de 300 espécies de pássaros nidificam. Nesse ritmo, tudo está sendo destruído”, diz Salgado.

O estudo da UNLP ressalta que, apesar da crescente atividade humana, na área ainda existem humedais e bosques com espécies nativas que merecem ser protegidas.

“Embora seja gerenciada por diferentes municípios, deveria ser implementada uma gestão dos recursos naturais que esteja acima dos interesses individuais e favoreça o conjunto da sociedade da região”, destaca o relatório científico.

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