Um relatório recente, publicado pelo Pacific Institute em conjunto com DigDeep e o Centro para Segurança e Cooperação da Água da UNESCO, identifica estratégias-chave para ajudar as comunidades historicamente negligenciadas a construir sistemas hídricos mais resilientes diante das mudanças climáticas.
Suas recomendações incluem o uso de tecnologias inovadoras, soluções baseadas na natureza e abordagens adaptadas às necessidades específicas de cada comunidade.
Inovações e desafios
O relatório destaca tecnologias como a coleta de água da chuva e os sistemas de reutilização de águas cinzas, que podem reduzir a demanda hídrica e aumentar a resiliência às secas. No entanto, a implementação dessas soluções pode ser cara para comunidades de baixa renda.
Também é proposto o uso de áreas úmidas naturais ou projetadas para mitigar secas, controlar inundações, reduzir contaminantes e proteger os suprimentos de água.
Em lugares como os Everglades, na Flórida, essas áreas úmidas têm demonstrado sua eficácia na limpeza e proteção de fontes vitais de água potável. O relatório também defende programas governamentais de assistência hídrica para ajudar os lares mais vulneráveis a cobrir os custos de água e saneamento.
Impactos das mudanças climáticas no acesso à água
As mudanças climáticas intensificaram fenômenos extremos que têm interrompido o acesso à água. Na Carolina do Norte, o furacão Helene deixou mais de 100.000 pessoas sem acesso seguro à água por quase dois meses. Los Angeles é outro caso, os incêndios florestais contaminaram o abastecimento de água potável em 2024, forçando os residentes a procurar alternativas.
Em comunidades como a Nação Navajo, onde 30% da população não tem água corrente, os efeitos das mudanças climáticas agravam desigualdades preexistentes, deixando os residentes com ônus financeiros significativos para reparar sistemas envelhecidos.
Barreiras políticas e contexto atual
O relatório aponta que algumas políticas governamentais recentes têm dificultado o financiamento de projetos críticos de infraestrutura hídrica. Desde que Donald Trump retornou à Casa Branca, recursos para projetos de água foram cortados, políticas de diversidade e justiça ambiental foram revertidas e medidas destinadas a proteger comunidades vulneráveis foram pausadas.
Greg Pierce, da Universidade da Califórnia, Los Angeles, destacou em um relatório da agência AP que o relatório chega em um momento de incerteza, onde não se espera ação federal a curto prazo. Apesar disso, os autores confiam que as comunidades locais encontrarão soluções inovadoras para enfrentar esses desafios.
Um apelo à ação
Através da compilação de pesquisas acadêmicas, entrevistas com especialistas e estudos de caso, o relatório fornece um quadro para construir sistemas hídricos que resistam aos impactos das mudanças climáticas.
Shannon McNeeley, autora principal do relatório, espera que este inspire esperança, demonstrando que, apesar das barreiras financeiras e políticas, é possível construir um futuro mais resiliente e equitativo em termos de acesso à água.
Foto de capa: WaterAid/Basile Ouedraogo
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