Comunidades indígenas do norte provincial realizarão uma marcha de resistência nesta segunda-feira até a Casa de Governo de Salta, com reivindicações voltadas para as ações que visam protegê-los de despejos e desmatamentos.
O perigo dos despejos se intensificou com a revogação da Lei de Emergência Territorial Indígena, 26.160. Com essa política, abre-se a possibilidade de que as comunidades indígenas em disputa por seus territórios com proprietários particulares de terras possam ser expulsas por meio de decisões judiciais.
Impacto da revogação da Lei de Emergência Territorial Indígena
“É um assunto que preocupa os caciques e líderes de Rivadavia, San Martín e outros departamentos que se sentem sufocados e perseguidos por este governo nacional”, disse ao portal Salta/12 Tichil Mendoza, secretário e porta-voz da União Autônoma de Comunidades Originárias do Pilcomayo (UACOP), ao se referir à decisão tomada pela gestão de Javier Milei.
Outra política que preocupa são as que serão implementadas a partir da promulgação do novo Ordenamento Territorial de Bosques Nativos (OTBN), em 3 de janeiro passado. A aprovação ocorreu apesar das críticas de diferentes setores ambientalistas e líderes de comunidades originárias que insistiram na falta de participação no processo decisório do novo mapa que define onde haverá desmatamento e onde não.
Mendoza afirmou que o governo provincial está prestes a autorizar o desmatamento de mais de 720 mil hectares, conforme permite o novo OTBN.
As comunidades mobilizadas esperam se encontrar no norte provincial com populações originárias de Aguaray, Tartagal, na rota 86 e na rota 81, para chegar à cidade de Salta na segunda-feira.
Resistência às problemáticas enfrentadas pelas comunidades indígenas
O líder acrescentou que enfrentam muitos problemas relacionados aos centros de saúde, profissionais médicos, medicamentos, falta de água e situação de trabalho. “Não há resposta para esses problemas ou para os da habitação”, afirmou.
“Estão morrer muitas crianças de fome“, afirmou Mendoza ao dizer que “são novidades escondidas e não visibilizadas pelas comunidades mais distantes de Santa Victoria Este (SVE), o que nos preocupa”. Ele afirmou que o silêncio é reafirmado pela “pressão ou medo” entre as comunidades.
Na verdade, a morte de duas crianças de Rivadavia Banda Norte, que faleceram com duas semanas de diferença em comunidades originárias localizadas naquele município de Coronel Juan Solá ou Morillo, era desconhecida. Em ambos os casos, haviam recebido atendimento médico anteriormente, mas presume-se que houve falhas no acompanhamento de saúde.
O problema das adições é outro dos temas pelos quais as comunidades têm reivindicações. “É um caos total”, afirmou Mendoza. Ele disse que “não há controle, embora seja verdade que seja uma zona tripartida”. Neste ponto, ele destacou que a atenção está sendo focada apenas na área de fronteira oranense, onde está sendo implementado o chamado Plano Güemes, embora também esteja sendo observado pela repressão ocorrida em dezembro passado.
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