A moradia em massa de peixes que ocorre no rio Paraná em determinadas épocas do ano é um fenômeno que preocupa em Santa Fe. O rio não é apenas um ecossistema vital para uma grande variedade de espécies, mas também uma importante fonte de água para a agricultura, consumo e transporte.
Isso ocorre em certas épocas do ano, especialmente quando as temperaturas extremas de frio ou calor afetam a região. Diante disso, durante um dia de debate realizado esta semana na Cidade Universitária UNL de Santa Fe, foram exploradas as causas.
Morte em massa de peixes no rio Paraná: o que a ciência diz
Este fenômeno foi abordado sob o título “Mortalidade de peixes diante de eventos extremos no rio Paraná: processos ecológicos e considerações para a gestão”. Foi no âmbito da 83ª Reunião de Comunicações Científicas da Associação de Ciências Naturais do Litoral.
Morte em massa de peixes: o que causa isso.
Em primeiro lugar, foi apresentada uma análise histórica e geográfica dos eventos de mortalidade de peixes relatados tanto na literatura científica quanto na mídia. Eles demonstraram que existem registros de mortandades em massa de peixes, pelo menos desde 1911 .
A mortandade de peixes que costuma ocorrer na lagoa Setúbal é “um processo ecológico natural”, explicou Pablo Scarabotti, do Instituto Nacional de Limnologia (INALI – CONICET – UNL).
As altas temperaturas que ocorrem durante o verão provocam um consequente aumento da temperatura na água. “Isso acelera o processo de decomposição da matéria orgânica sob a água, o que reduz o oxigênio dissolvido e aumenta o metabolismo dos peixes, que demandam mais oxigênio”, acrescentou.
E se isso ocorrer durante um período de baixa ou seca “a mortalidade costuma ser em massa”, alertou. “Às vezes ocorre um quarto fator que são os fortes ventos durante as tempestades de verão , que costumam misturar a água superficial oxigenada com as águas profundas sem oxigênio e que contêm gases tóxicos, o que produz a mortalidade, principalmente em lagoas”, detalhou Scarabotti.
Morte em massa de peixes: o que acontece com o frio
Os palestrantes também apresentaram uma análise detalhada da dinâmica das comunidades de peixes de uma lagoa localizada na planície aluvial do médio rio Paraná, para mostrar como as mortandades por frio produzem uma mudança profunda na composição de espécies.
Nos casos de frio, são particularmente vítimas as espécies que migram do norte da bacia durante as grandes cheias. Também aquelas que habitam preferencialmente ambientes lóticos, onde os descensos de temperatura durante o inverno não são tão pronunciados.
Nesse sentido, para que ocorra uma mortandade em massa de peixes no rio Paraná, o especialista enumerou três fatores:
- Um aumento extraordinário durante o verão, fazendo com que muitas espécies se movam do norte para essas latitudes
- Isso, por sua vez, faz com que outras espécies locais se movam em direção às lagoas
- Se depois houver um declínio acelerado e no inverno o frio for muito intenso (como ocorreu em julho), as espécies sensíveis ou menos tolerantes às mudanças de temperatura morrem em massa, principalmente nas lagoas
Quem participou dos estudos
Fez parte da mesa redonda, juntamente com Scarabotti, Jorge Liotta, do Museu Regional de Ciências Naturais “A. Scasso”, de San Nicolás, que também faz parte da Coordenação de Pesca Continental, Subsecretaria de Recursos Aquáticos e Pesca, Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca da Nação.
Também participaram Julia Mantinian, da Subsecretaria de Meio Ambiente, Secretaria de Turismo, Esporte e Meio Ambiente da Nação; e Danilo Demonte, do Centro de Pesquisas em Biociências e Tecnologias Ambientais (CIBTA), Faculdade de Ciência e Tecnologia (FCyT), Universidade Autônoma de Entre Ríos (UADER).
O que é o Protocolo de ações em caso de mortandade de peixes
Peixes mortos no rio Paraná.
Os apresentadores também detalharam o processo que originou o chamado “Protocolo de ações em caso de mortandade de peixes”, realizado por um grupo de especialistas no âmbito da Rede de Segurança Alimentar do CONICET em conjunto com a Rede de Fortalecimento da Aquicultura (RSA-REFACUA/CONICET).
Tem como objetivo orientar sobre como agir antes, durante e depois de uma mortandade, além de padronizar a metodologia de coleta de informações no território argentino. Tanto em ambientes naturais como em estabelecimentos de aquicultura.
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