Dezenas de arraias apareceram mortas na praia de Itararé, localizada em São Vicente, na costa de São Paulo. Os animais, espalhados ao longo da areia, foram descobertos por banhistas em 25 de fevereiro passado.
Os especialistas acreditam que as raias, especificamente das espécies Rhinoptera bonasus e Rhinoptera brasiliensis, foram descartadas por pescadores. Isso aconteceu depois de ficarem presas acidentalmente em redes de pesca de arrasto, uma prática comum, mas controversa.
Segundo Otto Bismarck Gadig, biólogo da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em São Vicente, “provavelmente os pescadores as soltaram e acabaram morrendo na praia”. As redes de pesca de arrasto, projetadas para capturar espécies como camarões e bacalhau, frequentemente capturam outras criaturas marinhas de forma não intencional, resultando em descartes como este.
Impacto ambiental e estudos científicos
Mais de cem raias foram recolhidas por pesquisadores da Unesp para serem analisadas em seus laboratórios.
Esses estudos podem fornecer informações relevantes sobre as causas do incidente e o estado das espécies afetadas.
No entanto, ainda há a possibilidade de que algumas raias tenham ficado submersas perto da costa, representando um risco para os banhistas, uma vez que o aguilhão desses animais continua sendo perigoso mesmo após a morte.
A descoberta também destaca a problemática da pesca de arrasto e seu impacto ambiental. Esse tipo de pesca não só afeta espécies não alvo, mas também gera preocupações sobre a sustentabilidade e o manejo responsável dos ecossistemas marinhos.
O que é a pesca de arrasto?
A pesca de arrasto é um método não seletivo amplamente utilizado para capturar peixes e invertebrados marinhos. Consiste no arrastamento de uma rede através da água atrás de um ou mais barcos e é uma técnica que pode ser dividida em dois tipos: a pesca de arrasto de meio-fundo e a pesca de arrasto de fundo.
As redes de arrasto de meio-fundo, ou pelágicas, são usadas para capturar peixes que não estão no fundo marinho, mas sim na coluna de água. Da mesma forma, essas redes afetam a diversidade biológica ao remover grandes porções da população alvo e de outras espécies por meio do que conhecemos como pesca incidental, mas não perturbam o fundo marinho em si.
O arrasto de fundo, por sua vez, são redes pesadas cujas engrenagens são arrastadas pelo fundo marinho para capturar peixes e invertebrados que vivem sobre ele ou em suas proximidades, ou seja, espécies bentônicas e demersais.
Esse tipo de pesca não apenas tem um impacto direto sobre as populações de peixes e as comunidades bentônicas das áreas onde é utilizada, mas também pode ter efeitos a longo prazo no ecossistema ao alterar as propriedades físicas do fundo marinho.
Foto da capa: UNESP
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