A terapeuta Heidi Schreiber-Pan, em uma entrevista com Christina Caron para o The New York Times, enfatizou a importância de realizar atividades ao ar livre. Além disso, a terapeuta apontou que, embora grande parte da evolução humana tenha ocorrido ao ar livre, a vida moderna mantém as pessoas principalmente presas diante de telas digitais.
Schreiber-Pan faz parte de um grupo crescente de especialistas que tomaram a iniciativa de iniciar sessões de terapia ao ar livre e capacitar outros profissionais para fazê-lo. Esses terapeutas afirmam que integrar a natureza e o movimento com métodos terapêuticos tradicionais pode ajudar os pacientes a se abrirem emocionalmente, explorar novas perspectivas e se conectar com o ambiente. Esse enfoque, conhecido como ecoterapia, abrange desde atividades como equinoterapia e caminhadas guiadas, até aventuras na natureza.
Durante a pandemia, quando as sessões online eram a norma, alguns terapeutas transferiram sua prática para espaços abertos para manter o contato presencial de forma segura. No entanto, essa ideia não é nova. Na década de 1970, Thaddeus Kostrubala, autor do livro O Prazer de Correr, ganhou notoriedade ao realizar sessões enquanto corria com seus pacientes. Apesar disso, a maioria dos terapeutas preferiu trabalhar em ambientes controlados, onde a confidencialidade e a estrutura são mais gerenciáveis.
Nos Estados Unidos, essa tendência foi adotada por instituições acadêmicas como Lewis and Clark College e Prescott College, e reforçada com iniciativas como o Center for Nature Informed Therapy, que desde 2020 oferece certificações e créditos de educação continuada. Mais de cem terapeutas já concluíram o programa.
Caminhar ao ar livre. Foto: Pixabay.As dúvidas sobre a terapia ao ar livre
Apesar do crescimento dessa atividade, alguns profissionais permanecem céticos em relação aos benefícios e à implementação dessas práticas. Petros Levounis, presidente da Associação Americana de Psiquiatria, destacou as incertezas levantadas pela terapia ao ar livre: “Na psicoterapia, há uma formalidade e parâmetros estabelecidos. Não sabemos o que pode acontecer ao ar livre. Se começar a chover, como procedemos com o paciente?”
No entanto, estudos recentes demonstraram os benefícios do contato com a natureza. Por exemplo, uma análise de 2023 sobre o “banho de floresta” japonês indicou que essa prática reduz significativamente os sintomas de depressão e ansiedade. Além disso, a atividade física está associada a um menor risco de depressão e é considerada um elemento-chave no tratamento da angústia psicológica.
Yoga ou meditação são ideais para praticar ao ar livre. Foto: Pixabay.Os benefícios do ambiente
Embora nem todos os pacientes se beneficiem da mesma forma, o ambiente natural pode tornar a terapia mais acessível e menos intimidante para alguns. Essa modalidade parece especialmente atraente para homens e pessoas com menos de 40 anos.
Nesse sentido, Andrew Tepper, fundador da BODA Therapy em Nova York, explicou que a abordagem ao ar livre pode ser ideal para adolescentes e adultos jovens: “É um espaço único. Sentamo-nos, conversamos e talvez jogamos um jogo de tabuleiro. Isso ajuda a construir confiança e conexão”.
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