A goma de mascar, ou chiclete, longe de ser apenas um passatempo, representa uma fonte silenciosa, mas preocupante de contaminação ambiental. Sua base sintética, derivada do petróleo, a torna um produto não biodegradável que contribui para o deterioro dos ecossistemas urbanos e naturais. Ao contrário de outros plásticos, o chiclete não é reciclado e raramente é gerenciado adequadamente.
Estudos recentes revelam que ao mascar um pedaço de chiclete, são liberados até 3.000 microplásticos na saliva, partículas que se acumulam no corpo humano e no ambiente. Esta descoberta, realizada por cientistas nos EUA, alerta sobre um tipo de contaminação cotidiana que até agora passava despercebida.
Calcula-se que quem consome chiclete regularmente pode ingerir até 30.000 microplásticos por ano, provenientes tanto de gomas sintéticas quanto naturais. Apesar dos ingredientes diferentes, ambas versões liberam partículas similares, o que sugere que o problema vai além do material base.
Além do impacto na saúde humana, o chiclete contamina ruas, parques e espaços naturais, tornando-se um peso econômico e ambiental para as cidades. Remover um único chiclete do pavimento pode custar mais do que fabricá-lo.

Alternativas sustentáveis para um chiclete poluente
Estima-se que a cada ano são produzidas mais de 2 milhões de toneladas de chiclete, das quais 100.000 toneladas acabam como lixo plástico em ruas e solos. Sua disposição inadequada afeta a biodiversidade urbana e pode servir como vetor de bactérias.
Diante desse panorama, algumas iniciativas estão apostando na sustentabilidade. Existem versões biodegradáveis de goma de mascar feitas com seiva de árvore, como era feito originalmente em culturas pré-colombianas. No entanto, sua distribuição ainda é limitada diante do domínio das grandes marcas.
Outra proposta inovadora é a reciclagem do chiclete. O projeto Gumdrop, no Reino Unido, coleta resíduos de goma de mascar para fabricar novos produtos como solas de tênis ou canetas, promovendo um modelo de economia circular e reduzindo o impacto ambiental.
Para reduzir sua pegada ecológica, o consumo consciente de chiclete se torna imprescindível. Optar por alternativas biodegradáveis ou descartá-lo de maneira responsável são passos simples, mas fundamentais para proteger a biodiversidade global e frear a expansão invisível dos microplásticos.

Consequências do chiclete também afetam a saúde humana
Embora mascar chiclete possa parecer uma atividade inofensiva, tanto para o meio ambiente quanto para os seres humanos, seu consumo excessivo pode ter efeitos negativos na saúde. Um dos principais riscos está associado ao excesso de adoçantes artificiais, como o aspartame ou o sorbitol, presentes em muitos chicletes sem açúcar. Esses compostos podem causar distúrbios digestivos como inchaço, gases ou até diarreia se consumidos em grandes quantidades.
Outro impacto possível está relacionado à sobrecarga da articulação temporomandibular (ATM). Mascar chiclete constantemente pode gerar tensão na mandíbula, provocar dor nos músculos faciais ou desencadear distúrbios como o bruxismo, que acarreta ranger os dentes e desconforto na cabeça ou pescoço.
Além disso, em pessoas com certos problemas gástricos, mascar chiclete estimula a produção de saliva e sucos gástricos, o que pode agravar condições como o refluxo ácido ou causar desconfortos estomacais se não for acompanhado de ingestão de alimentos.
Por outro lado, o chiclete com açúcar contribui para o deterioração dental, pois promove o aparecimento de cáries e a erosão do esmalte. Embora algumas versões sem açúcar possam ajudar a limpar os dentes entre as refeições, é importante usá-las com moderação e como complemento, não substituto, de uma adequada higiene bucal.